quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Monges que não se ajustam nas respetivas capas

 

1. Não deixa de ser curioso que, após a evidente tareia levada no debate com Mariana Mortágua - até reconhecida pela maioria dos comentadores do “Expresso”! - Luis Montenegro tenha pretendido fazer-se substituir por Nuno Melo em dois deles.

Cobardia, identificou logo o Livre como sendo a atitude de quem, sendo homem de tão escassas qualidades, tenta vestir o hábito, que a ilusória Católica lhe quis emprestar na mais recente sondagem. Só que há vestimentas reconhecidas como naturais a uns, mas ridículas quando envergadas por outras. Parafraseando o título de um filme de Bernardo Bertolucci é essa a tragédia em que Montenegro incorre.

2. Outra criatura que, na postura e no verbo, não consegue disfarçar a mediocridade - o açoriano Bolieiro - quer exigir do Partido Socialista o apoio abstencionista para o livrar da continuação do conluio com o Chega.

No semanário do clã Balsemão Daniel Oliveira denuncia a falta de pudor do pífio vencedor de domingo ao pretender ver-se salvo do partido da extrema-direita depois de a ele se ter aliado para, depois da derrota de há  três anos, impedir os socialistas de governar: “quando perde, o PSD usa o Chega para impedir que o PS governe, quando ganha usa-o para impedir que o PS faça oposição”.

E assim se confirmam as afinidades eletivas entre a direita tradicional e a que lhe morde as canelas nas suas extremas.

3. Não se pode provar a existência de conspiração como dela suspeita Vasco Lourenço, mas tudo sugere essa possibilidade em 7 de novembro com a Operação lançada por alguns procuradores do ministério público e agora potenciada pelo clima de caos suscitado pelos protestos policiais.

Muito oportunamente a deputada Joana Sá Pereira lembrou ser este um guião já bem conhecido nos EUA e no Brasil: a criação da sensação coletiva de insegurança para abrir caminho aos defensores da ordem fascista, que não hesitarão em impor uma cultura de medo para manter “tranquila” a sociedade.

4. Numa crónica já com alguns dias Carmo Afonso dava explicação plausível para a adesão de uma parte significativa dos polícias ao partido fascista: a apetência por uma posição de poder onde lhes seja legitimada a imposição da autoridade sobre quem entendam demonstrá-la. Razão para soar-lhes como música para os ouvidos a promessa de Ventura quanto a reforçar-lhes esse arbítrio, fazendo deles homens perigosos.

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