quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

A desconversa entre a inteligência e o oportunismo

 

A discrepância entre a realidade e a estranha bolha em que se enredam os comentadores televisivos - e por isso ficaram tão surpreendidos quando o PS conseguiu a maioria absoluta há dois anos! - ficou patente com o que vi no debate entre Pedro Numo Santos e André Ventura. Onde alguns viram, e classificaram, equilibrado uma disputa verbal, que foi racional e inteligente de um lado, e malcriada e infundamentada do outro, houve até quem apregoasse a vitória do segundo.

Pedro Nuno assumiu bem o legado de António Costa, defendendo a conclusão do que ficou por fazer, argumentou com números concretos e criteriosamente estudados, e encostou o adversário às cordas quando o quis obrigar a confessar quem lhe assegurara uma coligação de direita com o PSD sem Montenegro, que o daria como intriguista ou, mais provavelmente, mentiroso.

Que dizer desta criatura frankensteiniana, que não só é falha em qualidades como baseia as volúveis opiniões no que lê nos tabloides, ou nos algoritmos quanto às mais populares, mesmo racistas e xenófobas?

A sucessão dos debates tem sido eloquente quanto a uma constatação elementar: à esquerda vigora o discurso inteligente, à direita exploram-se as emoções primárias em exercícios de hipócrita demagogia.

Se o mundo fosse perfeito os partidos da esquerda discutiriam entre si a vitória enquanto os outros calar-se-iam na sua inconsequência. Mas como a imperfeição também nele cabe só resta esperar que se revele tão minoritária quanto possível na contagem dos votos do dia 10.

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