quarta-feira, 26 de abril de 2023

Um distanciamento muito exagerado

 

Soaram trompas e trombetas quando Luis Montenegro pareceu anunciar firme distanciamento relativamente ao Chega apesar de logo lhe faltasse a consequência lógica dessa aparente posição: replicá-la nos Açores onde, só com esse apoio, se mantém na liderança do governo regional.

Ontem, ao ouvi-lo na sequência das cerimónias ocorridas na Assembleia da República, onde muito confirmou sobre si ao enjeitar aplausos ao presidente brasileiro, demonstrou quão exageradas tinham sido as ruidosas manifestações de contentamento de alguma direita mediática na semana transata, mormente procurando justificar as suas tibiezas perante os fascistas ao querer imputar pecado semelhante aos socialistas por pretéritas alianças com as esquerdas, que rejeitam a NATO ou a União Europeia. Como se uma posição política, justificada por mais do que fundamentados argumentos - mesmo que contestáveis nesse exclusivo âmbito - a pudesse comparar a quem se orgulha em ser xenófobo e racista.

Sim! Foi muito exagerada a suposta rejeição do Chega por Montenegro. Adivinham-se-lhe nos atos, palavras e omissões o quanto a ânsia de aceder ao poder o possa estimular a dissociar-se dos poucos escrúpulos, que lhe restem.

Daí que os socialistas pouco tenham de se preocupar com as sondagens, que os dão como ultrapassados pelos diretos rivais. Porque, salvo se os professores quiserem continuar a repetir aquilo que os camionistas chilenos foram para o governo de Salvador Allende há cinquenta anos, o fascismo dificilmente aqui passará. Também, nesse aspeto, as expetativas dos que conspiram contra o atual executivo tendem a gorar-se. A começar pelas que foram criadas e alimentadas pelo inquilino de Belém.

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