quinta-feira, 13 de abril de 2023

Antes que se privatize o ar que respiramos

 

O não exigirmos ao mercado demasiado por ser-lhe impossível a conduta virtuosa, mas esperarmos do Estado melhor eficiência é constatação resignada de Gilles Lipovetsky numa entrevista, que ilustra o seu pensamento quanto a uma pós-modernidade definida enquanto sinónima da era do vazio.

Para além desse individualismo puro e duro ter sido construção de um sistema que, com tal estratégia, se quis perenizar, ele está a chegar ao fim de um novo ciclo temporal, que aparenta similar a um outro em que houve quem, ilusoriamente, viu o imperialismo como sua fase derradeira.

Não o foi, mas começa a ser inaceitável o exagero de transformar em mercadoria tudo quanto importa para a sobrevivência básica de quem vive - o emprego, a educação, a saúde, a habitação, a segurança social - não faltando projetos para a total privatização da água, que bebemos.

Esperemos que o repúdio popular - expresso em tantos movimentos de contestação nas mais diversas geografias - ganhe imparável dimensão antes de se chegar ao derradeiro limite dessa apropriação por alguns oligarcas do que a todos deve ser legitimamente acessível: o ar que respiramos!

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