domingo, 18 de dezembro de 2022

Entre o deixar tudo como está e o think different

 

O alarido que aí vai com a entrevista de António Costa! Tanto suscita a má-língua da generalidade dos comentadores políticos pela forma (mormente a da capa da revista onde ela foi publicada) como pelo conteúdo. Singularmente até um despeitado ex-ministro da Economia do primeiro-ministro veio à boca de cena confessar o seu “incómodo”.

Justifica-se esse banzé, sobretudo pelo coro dos que se chocaram com o tom crítico do entrevistado para com os betos da Iniciativa Liberal? Claro que ele não é mais do que um breve fait divers protagonizado por quem se sabe irrelevante por vários anos e reage pavlovianamente a tudo quanto António Costa diz e faz com a reação instintiva de logo enveredar pela maledicência.

Curiosamente, para quem pretenda usar a honestidade intelectual para apreciar a substância da peça jornalística, não há como admitir o retrato aí dado ao conjunto da oposição: tudo aquilo é um susto. Até a líder do Bloco de Esquerda parece perder estribeiras ao enveredar pelo tom histérico de quem intui ter incorrido em imprudente tropeção e não sabe como voltar a ganhar algum equilíbrio.

Quem poderia agora alternar politicamente com o Partido Socialista se o PSD está entregue a mais um homem sem qualidades apenas apostado em vislumbrar a trémula chama do poder com uns truques retóricos de advogado chico-esperto e a putativa aliança com os fascistas?

A única alternativa consistente ao próprio António Costa está dentro do governo, mas numa lógica que se pressente deste a ter junto a si como forma de melhor a controlar: a representada por Pedro Nuno Santos, o único foco interno da crítica do entrevistado, que revela o quanto lhe incomoda esse estratégico convívio. Porque adivinha que não lhe basta a argúcia para encontrar melhores soluções de governação perante a crise internacional para a qual julga preferível a prudência de aguentar o já conquistado sem ir mais além como lhe exigiriam os entusiastas da Geringonça. No autoproclamado candidato à sua sucessão existe o think different, que Steve Jobs demonstrou ser capaz de conduzir, quer ao desastre, quer a enorme sucesso. Ora os portugueses bem precisam deste último, cansados de se verem num “basta assim” para o qual anseiam por um bem melhor!

Sem comentários:

Enviar um comentário