segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

A corrupta Eva e o impoluto Barroso

 

Só soube da existência de Eva Kaili, aquando das notícias sobre o raide da polícia belga ao seu apartamento, lá encontrando resmas de dinheiro de proveniência duvidosa. Pretexto para que as vozes mais mediáticas do PPE entoassem hossanas por se tratar de alguém do grupo Socialista, logo suspeito de generalizada venalidade.

É provável que a Eva em causa seja uma alma gentil sentada num nada etéreo assento, e ainda atónita com acontecimentos sobre os quais só pode penalizar-se pela cândida inépcia. É que são tão óbvios os negócios escuros alimentados pela multidão de lobistas nos corredores do Parlamento Europeu, que não se veria talhada para chamariz incumbido de desviar atenções daqueles que lucram muitos milhões em vez dos seus ridículos milhares.

Poderia ter aprendido, por exemplo, com o Prémio Sakharov deste ano, capaz de aliar a autopromoção quotidiana, enquanto «herói» da resistência das «Democracias» europeias à agressão da ditadura putinista, com as lautas contas em paraísos fiscais, que insuspeito consórcio internacional de jornalistas denunciou no âmbito dos Panama Papers.

Ou, melhor ainda, imitar Durão Barroso, cujo «impoluto» curriculum incluiu a milionária remuneração na Goldman Sachs, parte significativa do pacote de contrapartidas por ser uma das mais esforçadas marionetas ao serviço do Pentágono e da Casa Branca no esforço de manter a Europa avassalada aos seus interesses, desarmada do seu potencial para ascender a superpotência rival. A recente notícia da sua substituição no banco em causa significará a desvinculação dos mais comprometedores laços para entrar na corrida pela sucessão de Marcelo em 2026?

 A pobre Eva é uma espécie de espantalho metido vistosamente no meio de pífia leira para que as aves de rapina do costume se deleitem com a habitual e despreocupada pilhagem dos fecundos campos que mais lhes interessam. 

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