quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

A muito relativa importância dada ao essencial

 

Desde que o muro de Berlim caiu as desigualdades entre os muito ricos e a generalidade da população mundial têm aumentado, desmentindo as ilusões dos defensores das democracias liberais, que parecem cingir os seus méritos à existência de uma pluralidade de partidos submetidos a eleições e nelas não haver aparente censura sobre o pensamento, apesar do condicionamento da sua difusão por quem possui os meios de comunicação e gere o que podem ou não difundir.

É certo que a precariedade no trabalho raramente chega à situação extrema dos peruanos, 75% dos quais não têm contrato de trabalho, ou às condições terríveis dos ciganos portugueses, um terço dos quais vive em habitações precárias, uma das razões porque a sua esperança de vida é 19 anos abaixo da média da generalidade dos portugueses.

A Revolução em prol de uma maior igualdade e justiça social continua na ordem do dia e é assunto bem mais importante do que o novo caso, que abre telejornais: o de um alto funcionário do Estado detido por suspeita de corrupção nas obras do Hospital Militar de Belém, e que João Miguel Tavares afiança ser ativo militante do CDS. Razão para questionar João Gomes Cravinho, que deu mostras de o ter em grande apreço e não lhe poupar elogios nem cargos dependentes da sua anterior tutela. Além de hiperatlantista, o ministro dos Negócios Estrangeiros também parece ter pouco cuidado nas suas relações profissionais.

Notícias mais animadoras vêm das estranjas: o desmantelamento de uma rede terrorista na Alemanha, que aspirava concretizar um golpe de Estado neonazi; a vitória do candidato democrata nas eleições repetidas na Geórgia para o preenchimento do cargo ainda em falta no Senado norte-americano; e a nova flexibilização das medidas anticovid na China por muito que o regime de Xi Jinping não reconheça a pouca eficácia das vacinas locais, nem os níveis demasiado baixos da imunidade na população sénior.

Nada de particularmente novo no que se vai passando no ameaçado planeta azul, mas sobram algumas centelhas capazes de nos devolverem algum do perdido otimismo! 

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