1. Nestes dias de tanta conversa sobre os direitos humanos ostensivamente violados no Qatar, é positiva a ação contra o tráfico de trabalhadores migrantes no Alentejo. Mas não é por acaso que, tal qual são fúteis muitos dos protestos contra o que se passa no país do Golfo Pérsico, também esta bravata do Ministério Público, da Judiciária e do sempre ambíguo Carlos Alexandre deixa incólumes os que mais contribuem para os lucros das mafias em causa: os proprietários das estufas e latifúndios que com elas negoceiam o trabalho escravo sem o qual ficam postos em causa os seus lucros.
2. Não têm faltado, igualmente, protestos em relação às viagens de Marcelo, Costa e Santos Silva para verem a equipa lusa jogar contra os adversários nesta fase de grupos. Mas, para além da caução ao regime qatari, quantos põem em causa a tremenda pegada de carbono, que essas deslocações pressupõem? Numa altura em que as alterações climáticas estão na ordem do dia não há quem diga basta a viagens sem sentido, que se limitam a contribuir para a ultrapassagem do tal grau e meio de temperatura, que não deveria ser ultrapassado sob pena de crescerem as nefastas consequências sobre milhões de cidadãos?
3. Na Assembleia Municipal de Lisboa foi outro o protesto: soube-se agora que, em julho, Carlos Moedas recebeu a presidente da câmara de Madrid, e organizou um lauto jantar partidário para o qual convidou a «fina-flor» da direita lusa. Quem pagou? Claro que os contribuintes que, sem serem tidos nem achados para a festança, se viram esbulhados de quanto foi necessário para a pagar!
4. Numa altura em que aumentam as evidências da prática de crimes de guerra dos dois lados do conflito na Ucrânia - depois do caso do míssil na Polónia como pode Zelenski calar o entusiasmo dos seus soldados, que logo publicaram nas redes sociais a execução sumária de prisioneiros russos? - crescem os indícios de decorrerem negociações secretas para impor uma solução negociada num conflito sem aparente fim à vista. Depois do remoque de Biden, há cerca de um mês, contra a má-criação do presidente ucraniano, há quem se enfarte com as suas vãs tentativas para arrastar toda a Nato para um situação, que poria em causa a sobrevivência da própria humanidade.
Convenhamos que já é tempo de deixarem o humorista ucraniano aproveitar os muitos dólares e euros, que tem a recato nos paraísos fiscais como os Panama Papers demonstraram.
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