1. Por onde andará João Rendeiro? Em Belize? Em Singapura? Noutro lado qualquer? Se tudo me distingue da sua personalidade não deixa de me fascinar como sempre sucede com quantos - na vida real ou na ficção romanesca ou cinematográfica! - sobem muito alto e, qual Ícaro, chamuscam as asas na queda. Porque justificam uma conclusão: por muito que ascendam socialmente, e gozem as correspondentes mordomias, nunca chegam a ter as características dos que começaram por olhar de longe e quiseram, mais do que equiparar-se, superar na ânsia de se mostrarem melhores. E assim incorrem em riscos, que fundamentam os êxitos iniciais, mas trazem em si os germes da futura decadência. Como se fosse inevitável a assumpção dessa doença infantil de todos os arrivistas.
Resta saber qual será o epílogo desta história: ou uma solidão ao jeito de Barry Lindon ou a captura num momento de maior distração e sempre com outro clássico como regra: o cherchez la femme! Que neste caso serão os passos dados pela mulher com quem casou aos 21 anos e a quem está ligado fortemente. Porque de que lhe servirá a fortuna escondida se dela permanecer distanciado?
2. Outro traço de carácter que me fascina é o de Eduardo Cabrita, extremamente eficiente no que faz adotando uma postura de low profil. Daí António Costa dedicar-lhe sólida amizade e o qualifique de «excelente ministro». Não admira pois, que a direita se atice contra ele a pretexto do acidente rodoviário que o teve como involuntário espectador. Mas se o azar lhe bateu à porta com esse atropelamento, a sorte ajudou-o com uma meteorologia, que reduziu o impacto dos incêndios nas notícias estivais ou outonais. Mesmo havendo um dispositivo sobredimensionado para os combater. E quanto aos seus mais perigosos inimigos - os que se escondem sob a capa do Movimento Zero - os processos disciplinares em curso na PSP e na GNR tendem a reduzir-lhes a virulência, sendo improvável que não haja mão pesada sobre os que se julgaram acima da lei e quiseram defenestrar uma tutela apontada pelas direitas como alvo a abater.
Eduardo Cabrita tende a ser aquele que ri melhor, porque no fim rirá...
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