Um dos principais comentadores da realidade actual é o Nobel da Economia Paul Krugman com os seus artigos de opinião no The New York Times.
Crítico fundamentado do liberalismo económico, ele constata que com uma rapidez assombrosa, as lições retiradas da crise financeira de 2008 - que a regulação é má por natureza, que o que é bom para os banqueiros é bom para a América, que as reduções de impostos são uma panaceia universal - foram esquecidas e as próprias ideias que nos conduziram a ela recuperaram a sua influência.
Agora impera a ideia de que tudo o que aumente os lucros das grandes empresas é bom para a economia. Mas os números são eloquentes: ao longo dos últimos dois anos os lucros aumentaram mas o desemprego manteve-se desastrosamente alto. Que razão temos nós para estar convencidos de que dar ainda mais dinheiro às grandes empresas, sem exigir quaisquer compromissos em troca, conduz inexoravelmente à criação de emprego?
Mais: como é possível defender ao mesmo tempo cortes selvagens nos programas públicos de assistência médica Medicare e Medicaid e privilégios fiscais para os gestores de hedge funds e os donos de jactos corporativos?
A receita adequada para esta conjuntura está longe de ser a seguida pelos políticos do Congresso e do Senado: o que faz falta à economia norte-americana é criação directa de emprego pela administração e medidas de alívio aos que estão em incumprimento com hipotecas. O que não faz falta é transferir milhares de milhões de dólares para empresas que não têm a menor intenção de contratar quem quer que seja além de lobistas.
Embora o mundo pareça parado na sua lógica capitalista, existe uma vaga de fundo na opinião pública, que exige mudança significativa nas políticas dos governos a respeito da desregulamentação da actividade financeira e económica...
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