quinta-feira, 10 de setembro de 2015

E ele disse para os assessores: «Isto não correu nada bem, pois não?»

Um compromisso incontornável obrigou-me a ver o debate de António Costa com passos coelho em diferido. E foi enorme o contentamento ao constatar a forma como o meu candidato a primeiro-ministro encostou o adversário às cordas e nunca de lá o deixou sair à custa de sopapos certeiros muito bem aplicados.
Se não foi o K.O., que chegou a parecer possível, tratou-se claramente de uma clara vitória aos pontos, que João Galamba sintetizou na perfeição com a sua proposta de 15-0.
Bastava ver a postura corporal de passos coelho à saída para comprovar o quão acabrunhado estava. Pelo contrário, António Costa  transparecia confiança e determinação numa declaração final mais do que convincente.
Depois tive a vantagem dessa mesma visão em diferido para constatar o quanto estavam incomodados os comentadores da direita, com um henrique monteiro entediado e um josé gomes ferreira a demonstrar que, ou é burro por não compreender as contas do programa do PS, ou tem uma falta de honestidade intelectual, que equivale à mais rasca pantomineirice ideológica. Para não falar de antónio lobo  xavier, que, malgré lui, teve de confessar o reconhecimento da derrota do entrevistado do seu campo político.
Razão tem Ferreira Fernandes quando, no «Diário de Notícias» de hoje classifica de “coça” o que passos coelho levou: “Primeiro, de si próprio, porque medíocre. Segundo, de si próprio, porque sonso (inventando um adversário que não o que tinha à frente). E, terceiro, de si próprio, porque manifestamente inferior a António Costa.”
Quem aqui me tem lido sabe-me de há muito otimista quanto ao resultado do PS no dia 4 de outubro. Já acreditava numa maioria absoluta antes deste debate, e ele só veio-me reforçar a convicção. Porque, se houve quem considerasse definidos os resultados das legislativas de 2011, quando passos coelho conseguiu aparentar uma vitória no debate com José Sócrates, o desta noite servirá grandemente de explicação para a débacle que aguarda o PAF. Até porque passos coelho não aprendeu nada com paulo rangel: tentar fazer de Sócrates o mais percutido bombo da festa pode ter um efeito de ricochete, que acabará por embater fragorosamente nas fuças de quem a tal se atreveu.
Se os marketeiros políticos contratados para a campanha laranja não conseguirem inventar um passe de mágica, adivinha-se uma campanha pafista a degenerar até ao dia das eleições. Neste ambiente de pré-campanha, passos coelho lembra aquela concorrente checa da prova de marcha de 50 km dos recentes mundiais de atletismo, que andou extremamente desengonçada quilómetros e quilómetros a acompanhar as duas da frente, e depois tombou inexoravelmente num lugar muito secundário chegando à meta completamente estoirada.
Nas sondagens, passos acreditou em algo assim: para o contentarem os assessores garantiram um empate técnico durante algumas semanas, mas ele arrisca-se a, exaurido, ir ficando cada vez mais para trás...
Recomenda-se a passos, que se mantenha nesta figura atrapalhada hoje transparecida nas televisões, e que paulo portas prossiga o disparo de tiros de pólvora seca como foram quantos procurou atingir Catarina Martins. A esquerda, em breve vitoriosa, agradece...

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Pode ser que se f...

Ontem à noite, já perto da meia-noite, alguns amigos começaram-me a alertar para a sondagem de que se começara a falar durante a tarde e que garantiria seis pontos de vantagem à coligação de direita sobre o PS. E alguns confessavam-se desolados com o estado a que estávamos a chegar, fazendo coro com o que as televisões tentam impor como pensamento único: que António Costa não está a conseguir passar a sua mensagem de modo a superar as falácias adversárias sobre um utópico país salvo da bancarrota, com menos desemprego e mais exportações.
Quer então, quer depois, durante a manhã, andei a relativizar a fiabilidade dessa sondagem junto de outros amigos com quem falei. É que basta colocar algumas questões de fácil resposta para entendermos o que nela está subjacente:
- por que “estranha” coincidência surge tal projeção na manhã do debate, por muitos classificado como decisivo, entre passos e Costa?
- porque merece ela tão pouco destaque nos sites das publicações do grupo Cofina, que a encomendaram e parecem afinal tão envergonhados em utilizarem-na, já que cheira demasiado a logro para parecer séria?
- qual o significado de 1/3 dos inquiridos, que se disseram abstencionistas?
- qual a validade técnica de uma consulta aleatória a seiscentas pessoas e cuja margem de erro (4%)  está próxima da insignificância estatística?
E, embora não relacionada diretamente com esta notícia, justifica-se uma outra pergunta ainda mais pertinente: estaremos todos cegos quando vemos as multidões em torno de António Costa quer nas ações de rua, quer nos comícios? Ou quem se fazem intencionalmente cegas são as televisões, que tentam minimizar o mais possível essa realidade?
 Ao fim da manhã encontrei o meu amigo Calado, que não costuma ter papas na língua. E ao vermos o lado positivo desta golpada - um maior incentivo aos indecisos, que não querem, porém, ter mais quatro anos de passos coelho no governo e por isso poderão sair do comodismo para irem votar - ele concluiu: «Pode ser que se f….»


O choque entre dois conceitos de civilização

A possibilidade de Portugal receber uns milhares de refugiados de entre os que têm atravessado o Mediterrâneo motivaram uma campanha criminosa de uns quantos xenófobos para os quais não faz sentido a palavra «Humanismo». Não chegaram à selvajaria da repórter húngara filmada a pontapear crianças e a rasteirar um pai, com um dos filhos ao colo, mas a sua natureza é a mesma. Existem, de facto, biltres entre nós e, quase todos situam-se politicamente na direita e na extrema-direita.
Quem disse que as ideologias tinham deixado de se justificar estava apenas a pretender impor uma perspetiva favorável a esta negação do que deve ser um comportamento civilizado. É que, na votação de 4 de outubro, põe-se uma escolha semelhante entre os que encontram sentido na solidariedade e na defesa de uma sociedade mais justa e igualitária e, os outros, aqueles que pensam que o futuro favorecerá os egoístas e os gananciosos da sua espécie.
Adaptando uma fórmula bem conhecida, e erroneamente usada por um conhecido parlapatão, estamos a viver um choque entre conceitos civilizacionais, e eles nada têm a ver com religiões ou etnias. Ambos decorrem da inevitável luta de classes, que Marx teorizou e se mantém plenamente atual nos nossos dias, mesmo se o proletariado e a burguesia se tenham ofuscado para dar lugar a uma definição bem mais simplista: pobres e ricos. 

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Uma questão de patriotismo

Convenhamos que já cansa a conversa sobre o facto de ter sido o governo de José Sócrates a precipitar o país na situação delicada, que obrigou à vinda da troika em 2011.
Se é muito fácil fazer prognósticos no final do jogo - e, então, a seis ou sete anos de distância muito mais! - a verdade é que o Portugal despesista de que passos coelho se fez tão crítico foi muito estimulado pela convergência entre comunistas e pê-ésses-dês, quando andaram a exigir hospitais, maternidades e escolas em cada rua deste país sob o argumento das distâncias inaceitáveis para doentes, grávidas e crianças alcançarem os estabelecimentos de que eram utilizadoras.
Antes da crise dos subprimes, quem queria ouvir falar em austeridade? Quando o governo socialista debatia com os sindicatos os aumentos possíveis na função pública, logo contava com críticas à direita e à esquerda no parlamento por não se mostrar mais pródigo.
Enquanto o governo de Sócrates queria apostar nas energias renováveis e outras tecnologias de futuro, as oposições apostavam numa catadupa de cadernos reivindicativos a nível local, que travava o dinamismo modernizador, que se pretendia incrementar.
A direita coligada no PAF nunca quis outro modelo económico para o país, que não passasse pela privatização de tudo quanto ainda estivesse minimamente no domínio do Estado e com uma pauperização tal da população, que se tornaria competitiva pelo seu baixo custo e nenhum poder reivindicativo aos capitais estrangeiros, aqui dispostos a investir em empresas capazes, por outro lado, de garantirem empregos bem remunerados aos catrogas e aos mexias, que lhes tivessem preparado a sementeira.
Hoje temos uma direita tão pouco escrupulosa, que nem se importa de vender meio país a empresas dependentes do Estado Chinês conquanto Pequim não se esqueça de ir premiando os seus boys  e os seus seniors com as pratadas de lentilhas a que se sentem com direito.
Por isso mesmo o velho conceito de patriotismo, que pareceu  em tempos estar quase inteiramente reivindicado pela direita - então em nome de valores colonialistas - deixou de por ela ser assumido.
Pelo contrário, nos dias de hoje, é a esquerda a mostrar-se inequivocamente patriótica ao apostar seriamente na valorização dos portugueses através da qualificação académica e profissional, do apoio à investigação e aos empreendedorismo e ao combate à pobreza. O modelo do Partido Socialista é o de um país capaz de se desenvolver recorrendo às capacidades e e competências de quem nele vive e trabalha.
No dia 4 de outubro não é difícil a opção: ou aceitamos viver na apagada e vil tristeza prometida por passos & Cª ou ousa-se atalhar caminho para um país moderno, desenvolvido e bastante menos desigual…
É por isso que neste mês não pouparemos esforços para alcançarmos a vitória que merecemos! 

Mentir, mentir, mentir...

Ontem à tarde, ao fazer zapping pelos canais de notícias, apareceu-me o ainda líder parlamentar do psd, luís montenegro, a mentir com quantos dentes (verdadeiros e postiços) tem na boca.
O tema era o da Segurança Social e ele argumentava com umas  inventadas contradições  entre as palavras de António Costa e as de alguns dos seus principais colaboradores, concluindo que o PS não saberia bem o que pretenderia.
Ao ouvi-lo foi fácil concluir que estamos a assistir à mais rasteira forma de fazer política, que se traduz na conciliação da lógica do «agarra que é ladrão» com aqueloutra, aprendida com goebbels, em que se repetirão tantas as vezes as mesmas mentiras quantas as necessárias para convencer o máximo número de distraídos.
A realidade sobre o setor é outra e sistematiza-se numa mão-cheia de factos insofismáveis:
- fruto da elogiada reforma de 2007, o PSD e o CDS herdaram um sistema de Segurança Social com saldo positivo e sustentabilidade garantida;
- tal reforma levada a cabo pelo ministério liderado por Vieira da Silva foi considerada uma referência internacional e estudada por outros governos europeus;
- o buraco de muitos milhões de euros  (6 segundo passos, 9 alega portas, 14 aposta marco antónio) foi criado pela coligação de direita ao cortar salários e pensões e destruir emprego a uma escala brutal;
- por muito que o queira esconder, a direita comprometeu-se com a Comissão Europeia a espoliar 600 milhões de euros aos reformados;
- o projeto de plafonamento de pensões não tem outro objetivo ideológico senão o de transferir verbas da Segurança Social para fundos financeiros especulativos;
Sem argumentos em que se possam fundamentar, resta aos montenegros o da mentira mais despudorada...


segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Se as televisões mostrassem a realidade

1. Como seriam os noticiários televisivos se dessem conta das sucessivas marés humanas, que António Costa suscitou em todos os sítios por onde passou este fim-de-semana?
Foram milhares no Porto e centenas um pouco por todo o lado onde esteve nos distritos do Norte do País.
Continuariam os comentadores a referirem como credíveis as sondagens, que apontam para um empate técnico com a coligação de direita?
É verdade que, para o PSD e para o CDS, a descida dos 50,35%, que somaram nas legislativas de 2011, para os 35% com que são creditados nessas sondagens, já constitui uma descida abrupta, que não consegue disfarçar o facto de nunca, desde 1974, a direita ter ficado tão desapoiada pelos eleitores do nosso país.
Daí que os tenores da direita intimidados com a antevisão de derrota nas presidenciais não se atrevam a apresentar candidatura antes de 4 de outubro. É que, mesmo ignorado pelos meios de (des)informação, Sampaio da Nóvoa não terá dificuldade em derrotar o mediático marcelo se conseguir apoio de grande parte dos que irão votar no PS, no PCP e no BE.
Teremos, pois, um mês de completa dessintonia entre o que mostram as televisões e o que se pode detetar nas ruas e praças do país.  Mesmo que os seus diretores de informação saibam que um dos grandes temas da noite eleitoral venha a ser o da diferença entre essas sondagens e os resultados reais.
2. Nas diferentes intervenções deste fim-de-semana, António Costa afinou pela mesma tónica: o PS não está a jogar para o empate.
Há os que se podem entusiasmar pelos comentadores e jogar para o empate, mas nós, no PS, o que nos entusiasma não são os comentadores, mas são os eleitores. Não jogamos para o empate, jogamos para ganhar.”
Passadas algumas vicissitudes, que a direita explorou até à exaustão, e os jornais e televisões exponenciaram para imporem a tese de se terem tratado de episódios com substância, a campanha do PS está a ganhar força e promete ser crescentemente ostensiva até ao primeiro fim-de-semana de outubro.
A própria mensagem está a descomplexificar-se e a concentrar-se no que é essencial e todos percebem: “Chamo a atenção só para um exemplo muito em particular: na anterior campanha, ele jurou que não cortaria as pensões e cortou-as. Desta vez já se atreve a dizer que vai cortar 600 milhões de euros nas pensões. Imaginem, por isso, o que é que faria se voltasse a ganhar as próximas eleições”.
Estando consagrada nas próprias sondagens a essência mentirosa da personalidade de passos coelho, e sendo a questão da Segurança Social de uma acuidade tão pertinente, António Costa multiplicará apoios ao denunciar a intenção da direita em atacar “o sistema público de pensões, privatizando parte da receita das pensões para financiar fundos de pensões privados”.
Como se tem visto com o ocorrido no BES, passos & Cª não se importam nada em espoliar as famílias dos seus rendimentos conquanto eles possam transferir-se para os que já quase tudo têm.
3. Se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé. Ou, por outras palavras, se José Sócrates se calar até 4 de outubro para (segundo os tais “comentadores”) não prejudicar a campanha do PS, as televisões e os jornais mais empenhados no apoio à coligação PAF, não estarão dispostos a esquecê-lo de forma a omitir tanto quanto possível as notícias sobre as intervenções de António Costa. E um exemplo vi-o nas notícias da SIC da hora do almoço em que esmiuçaram quem e como comprou a casa onde o ex-primeiro-ministro está a residir ou o percurso empresarial da pessoa com quem o dizem afetivamente relacionado.
Não foi o rapaz da pizza, mas não deixou de ser a mesma indecorosa bisbilhotice para alimentar a curiosidade malsã de uns quantos detratores.

Algo de novo vindo de terras de Sua Majestade

É muito possível que, daqui a uma semana, Jeremy Corbyn tenha ganho as eleições para a liderança dos trabalhistas britânicos, exasperando assim os derradeiros sobreviventes da malfadada Terceira Via, que vai metendo água por todos os lados. E o seu sucesso em nada é devido ao carisma pessoal, reconhecidamente como sendo algo de que verdadeiramente carece. Mas, em compensação, Corbyn compensa tal limitação com a coerência de ter passado os últimos quarenta anos a participar em todos os combates: contra as guerras do Vietname ou do Iraque ou denunciando os previsíveis efeitos do Tratado Orçamental.
É essa mesma constância que o levou a nunca ter abandonado a circunscrição de Islington North, onde é eleito deputado há trinta e dois anos e obtém resultados acima dos 60%.
Há, igualmente, o seu lado de gentleman, reconhecido até pelos adversários, que se veem contestados com elegância e sem ataques pessoais. Mas sem que isso se traduza na sofisticação na forma de trajar: Corbyn aparece, amiúde, de sandálias em Westminster e é conhecido como sendo o deputado com menores custos para o erário público.
Mas são as suas posições políticas a justificarem os apoios mais empenhados e os maiores ódios: declara-se republicano e defensor da nacionalização das empresas ferroviárias e distribuidoras de energia, ao mesmo tempo que se bate pelo desarmamento nuclear. Ademais propõe a gratuitidade das propinas e maior carga de impostos para os mais abastados.
Caso se confirmem as sondagens algo de novo parece surgir na política europeia, demonstrando o ressurgimento de uma esquerda de valores, capaz de se traduzir em governos mais apostados na redução das absurdas disparidades de rendimentos entre cidadãos.

domingo, 6 de setembro de 2015

“Eles” vão levar uma abada!

Hoje José Sócrates comemora o seu aniversário e quem, como é o meu caso, se assume como seu admirador (sem ser cego perante alguns erros, que os tempos vieram clarificar!), só pode congratular-se por vê-lo usufruir a data em condições bem mais cómodas do que as da prisão de Évora.
Não podemos, porém, deixar de considerar intencional todo o aparato mediático, que se montou em frente à sua residência atual, porquanto os telejornais sabem bem que, enquanto andarem a encher chouriços com que pizza ele vai jantar, ou quem o visitou, vão dando espaço de manobra para passos coelho e paulo portas continuarem a fingir de mortos, porque sabem ser essa a única estratégia possível para escaparem ao escrutínio das malfeitorias feitas aos portugueses nestes quatro anos.
Tenho sérias dúvidas quanto à possibilidade de José Sócrates prejudicar em si mesmo a campanha do Partido Socialista. Muito embora tenha suscitado ódios cegos em muita gente, que não consegue discernir o quanto de bem pior ficou por causa de passos e de portas, estou esperançado em que vá crescendo uma maioria de portugueses indignados com a forma como, com a Operação Marquês, alguma (in)Justiça se tenha desmascarado quanto à perversão da sua mais básica deontologia. E que, face a essa constatação comece a melhor entender o que ele denunciava ao falar da “narrativa” falsa alimentada pela direita e pelos seus comentadores a propósito das circunstâncias, que nos conduziram ao PEC IV.
Compreendo, porém, que esse processo ainda não tenha amadurecido o bastante para se manifestar nas eleições de 4 de outubro. E confio que José Sócrates é o primeiro a compreender como a direita, e esse setor da (in)Justiça, pretende fazer dele arma de arremesso contra António Costa e contra o Partido Socialista. Quer uns, quer outros, são os principais interessados em que não aconteça a mudança desejada pela maioria dos portugueses a 4 de outubro. É por isso, que bem podem os donos dos jornais e das televisões ansiarem por manchetes em torno de José Sócrates, que ele não lhes satisfará os desejos.
As próximas semanas serão de total enfoque nas eleições legislativas e subscrevo o que Daniel Oliveira dizia esta noite no «Eixo do Mal»: “eles” vão mesmo levar uma abada. E já aguardo pelas expressões compungidas com que alguns dos que agora tanto valorizam os “empates técnicos” terão, então, de explicar aos espectadores as razões para se terem enganado tão redondamente.
É que vai uma abissal diferença entre a grandiosa receção, que António Costa recebeu no Porto com o portas acossado, que saiu de Ofir sob a proteção de uma escolta policial.

sábado, 5 de setembro de 2015

O escandaloso uso dos recursos do Estado pelo PAF

A um mês das eleições a minha filha recebeu em Haia um envelope com propaganda da coligação da direita, dizendo maravilhas das políticas implementadas no país nestes quatro anos e de como ele ficou próspero e desenvolvido.
A residir há vários anos na Holanda contam-se pelos dedos os amigos portugueses, que têm a morada dela. Por isso nem foi preciso deitar cartas a adivinhar como a máquina de propaganda da direita tinha obtido essa informação: foi a própria Embaixada a facultá-la.
Temos, pois, demonstrada mais uma vez a falta de escrúpulos da ainda maioria, que não hesita em utilizar os recursos públicos para angariar as bases de dados de que necessita para distribuir o seu veneno. E é lamentável que os diplomatas sejam coniventes com esta perversão do que deveria ser a apartidarização das instituições do Estado.
Não deixa de ser, igualmente, lamentável que esta carta anuncie para breve o envio de uma outra com o boletim de voto só não esclarecendo se ele já virá preenchido com a cruzinha no sítio onde quem a enviou pretende que se vote.
É claro que esta estratégia tem riscos sérios, porque uma boa parte da comunidade emigrante a quem são destinadas estas cartas são os jovens a quem passos coelho indicou a porta de saída do país como forma de encontrarem algum futuro.
Nesses casos será provável que tais cartas sejam recebida com indignação ... e com acrescida vontade de lhes reagir como devido: votando contra quem as enviou.
Mas isto não deixa de ser a demonstração da falta de escrúpulos revelada pela direita para tentar minimizar a sua pior derrota de sempre desde que existem eleições democráticas no nosso país.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Um crápula em Budapeste

Há muito que conhecemos a natureza fascista do regime húngaro. Quando foi deputado europeu Rui Tavares fez um relatório, que julgou suscetível de mobilizar o Parlamento de Estrasburgo contra viktor orban, tão escandalosas eram as práticas do seu governo em comparação com as regras democráticas da União Europeia.
No entanto, nestes últimos dias, vimos o muro da vergonha na fronteira com a Sérvia e comboios a saírem pejados de gente com destino a uma terra de ninguém, onde orban ainda não criou as câmaras de extermínio, porque sabe não ter força para chegar até aí. Ainda que lhe não faltasse a vontade!
O nosso continente ficaria muito mais decente se um criminoso da estirpe de orban tivesse o devido castigo...

O que a montanha vai parir

A notícia da saída de José Sócrates do Estabelecimento Prisional de Évora constitui uma boa notícia, que não deve ser contaminada com aquelas elucubrações da direita a respeito de quanto ela prejudicará, ou não, o Partido Socialista para as eleições, que decorrerão de hoje a um mês.
O que está em questão é continuarmos sem saber os argumentos pelos quais se teve um ex-primeiro-ministro preso durante mais de nove meses, recusando-se-lhe o mais elementar direito à presunção de inocência. Pergunta que terá de ser bem explicada, e assumida nas respetivas responsabilidades, para que não nos voltemos a confrontar com esta aparência de impunidade dos magistrados e juízes em relação à prepotência das suas decisões infundamentadas.
Mas ainda há que manifestar o nosso agrado por, desta feita, carlos alexandre nem sequer ter colocado a possibilidade de pulseira eletrónica, sabendo de antemão qual seria a resposta de José Sócrates sobre tal possibilidade.
Estando quase a concluírem-se os prazos para que seja ou não lavrada acusação, continuo a acreditar que toda a Operação Marquês saldar-se-á numa enorme montanha, incapaz de parir o mínimo roedor...

As sondagens de que desconfiamos

Esta noite não se falará de outra coisa na SIC, já que a RTP tem o futebol por sua conta: a sondagem que dá empate técnico entre o PS e a Coligação Portugal em Fanicos.
Na Rua Buenos Aires e no Largo do Caldas haverá quem acredite em milagres, vendo garantido a continuação do acesso fácil ao pote alcançado há quatro anos.
Mas será mesmo assim? Existirá efetiva semelhança entre o que a sondagem diz e a realidade social a que não somos cegos, nem surdos, nem mudos?
É a própria sondagem que reconhece os 6 pontos de diferença entre Costa e passos relativamente a quem será o próximo primeiro-ministro. Que dá mais de 21 pontos de diferença em popularidade. E,  para além dos 21,1% que se dizem indecisos, ainda sobram, segundo a ficha técnica, 17,9% que recusaram responder. Como se pode assegurar a credibilidade deste «empate técnico»?
Posta de lado essa questão da coincidência entre as percentagens e a realidade, sobra outra mais relevante: para que servem estas sondagens, que estão condenadas a falhar tão clamorosamente no dia 4 de outubro?
Os seus promotores quererão manter até ao último momento a pretensa possibilidade de a direita ainda continuar a ser governo. Galvanizando as suas hostes e incutindo um sentimento de derrotismo nas contrárias.
Mas bem pode acontecer que o tiro lhes saia pela culatra: perante o risco de provarem o mesmo veneno por mais quatro anos, porventura serão ainda mais os indecisos, e os que se recusam a responder a estes inquéritos, a comparecerem à verdadeira sondagem das urnas dando a passos & Cª o desprezo que merecem...

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Contra a conversa do costume

Sabemo-lo desde o século XVIII, por intermédio do filósofo Edmund Burke, que quem esquece a História está sempre condenado a repeti-la.
Vem isto a propósito de estar a preparar um texto para publicar numa revista dentro de dias e surgir-me a talhe de foice a personalidade de Zheng He, o grande almirante chinês do século XV, que levou os seus navios até à Índia, ao Golfo Pérsico e às costas africanas.
Valia-se, então, do esplendor então vivido nesse período da dinastia Ming, que justificava a abertura de comércio com outras nações.
A globalização poderia ter nascido aí e a China dificilmente seria alcançada no seu poderio pelas potências marítimas europeias, que só iniciariam as viagens dos Descobrimentos algumas décadas depois.
O que impediu Zheng He de estender a influência comercial chinesa a todo o Oceano Índico e ao Pacífico Sul? A miopia do novo imperador chinês Hongxi, que argumentou com a contenção orçamental e com o viver-se dentro das possibilidades do seu país para, de imediato, proibir novas viagens. A China fechar-se-ia sobre si própria e seriam os europeus a comandarem a economia mundial.
O que lembram os argumentos de Hongxi? O tal diminutivo de que falava Alexandre O’Neill para designar o espiritozinho de alguns portugueses… que, infelizmente, têm chegado frequentemente ao poder!
Essa forma de nos entendermos pequenos e sem capacidades - em comparação com os alemães tão devotadamente admirados por passos coelho - tem sido a marca deste governo. E assim se têm perdido oportunidades para nos mostrarmos à medida das nossas ambições!
A maioria absoluta no Partido Socialista é fundamental para romper com esse lado mesquinho da arte de ser português. E ousar mudar num mundo que não prescindimos de querer transformar!


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Em que sociedade queremos viver?

Admito que ser avô de uma lindíssima criança de dois anos me torne particularmente sensível à fotografia de uma outra cujo corpo deu ontem à costa na Turquia. Mas também estou certo que, mesmo não tendo esse estímulo pessoal a condicionar-me, não deixaria de me indignar com essa cena ilustrativa de milhares de tragédias em curso no Mediterrâneo, no Norte de África e no Médio Oriente.
Daniel Cohn-Bendit dizia esta noite na televisão francesa, que a questão de resolver como ficará o regime político na Síria é, agora, de somenos importância. Por muito que não possamos esquecer quem e como houve quem andasse a atirar óleo para a fogueira, que ameaça agora alastrar para as nossas costas. No que a Europa tem de concentrar-se é na resolução da crise humanitária, que ganhou dimensão expectável nestas semanas mais recentes.
Liderada pela srª Merkel que, desta feita, está a merecer elogio, a União Europeia tem de vergar alguns biltres, que se afirmam governantes e são capazes de comportamentos odiosos como os do fascista orban na Hungria ou os do “social-democrata” robert fico na Eslováquia, cuja xenofobia revela bem a perversa inflexão nos valores humanitários verificada nos antigos países comunistas, agora convertidos aos mais odiosos reflexos de um capitalismo selvagem.
Se a Europa comunitária nascera como herdeira do Espírito das Luzes do século XVIII, dando o valor devido à Declaração Universal dos Direitos do Homem, a evolução das instituições sedeadas em Bruxelas ou em Estrasburgo tem-na convertido numa grotesca caricatura do que tinham planeado os seus fundadores.
Estamos, pois, a necessitar de uma nova geração de líderes europeus, com a dimensão ética de um Willy Brandt ou de um Olaf Palme, que tanto contribuíram para o que de melhor expressou a Europa Ocidental há quase meio século. É, ainda, à conta dessa imagem de tolerância e de aposta na qualidade de vida das pessoas que ela ganhou a capacidade de atração para onde convergem os desvalidos das guerras incendiadas do exterior nos últimos anos.
E é essa diferença de monta, que se deteta nos que exercem cargos públicos em Portugal. Os de direita, como rui machete, tentavam há dias discutir, no sentido da redução, o número de refugiados passível de ser aqui apoiado, como se fossem um incómodo de que se gostariam de livrar. Pelo contrário Fernando Medina, à frente da autarquia da capital, já tomou decisões preventivas, preparando dois milhões de euros para acorrer aos primeiros infelizes que aqui aportarem.
Para o dia 4 de outubro coloca-se esta questão fundamental: queremos uma sociedade orientada para as pessoas ou para a salvaguarda dos interesses financeiros de gente, que nos explora e amesquinha? É essa a diferença entre a candidatura de António Costa e a da coligação de passos com portas...

Tapa de um lado, destapa do outro

Setembro está a revelar-se muito problemático para a propaganda dos partidos do (ainda) governo. Esgotadas as requentadas argumentações em torno de cartazes e da lamentável conduta da ex-presidente segurista do PS, também não resultou mais bem sucedida a tentativa de paulo rangel em se socorrer de um caso de (in)justiça para angariar votos à coligação de direita.
O que os telejornais vão mostrando (mesmo que quase clandestinamente!) é António Costa levado em ombros pela população com que contacta, enquanto passos coelho e os seus ministros só se atrevem a pôr o nariz na rua se devidamente salvaguardados por guarda-costas.
Agora foram os números do défice orçamental do primeiro semestre do ano a virem demonstrar o fracasso da coligação: os 4,9% do PIB, segundo as contas da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), torna quase por certo inalcançável os prometidos 2,7% no final do ano.
Nem mesmo com petróleo barato, nem com a alavancagem que o crescimento mais significativo de outros países da União Europeia deveria garantir, a parceria entre passos e portas consegue evitar os sinais de falência a irromperem de diversas fontes de informação. Lá vem sempre o inefável marco antónio a tapar um facto mais comprometedor mas logo outros se destapam a revelar a realidade nua e crua de um país empurrado para um autêntico desastre social.
E temos presentemente a venda do Novo Banco, que está a revelar-se num fracasso indisfarçável. Por muito que maria luís continue a esganiçar-se na mentira de não implicar custos para os contribuintes, ninguém acredita em tal possibilidade. Sobretudo se carlos costa decidir entregar a instituição ao mesmo acionista que já tomou conta da Fidelidade e, sem escrúpulos, já recorreu aos seus ativos para prosseguir com os negócios especulativos no mercado financeiro internacional...