O governo de Luís Montenegro prepara-se para lançar um ataque sem precedentes aos pilares fundamentais do nosso Estado social: a Saúde e a Habitação. As medidas propostas beneficiam abertamente os interesses privados em detrimento dos cidadãos, avizinhando-se danosas consequências.
Na Saúde, assistimos a uma manobra que visa desmantelar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) em favor dos hospitais privados. O governo quer-lhes conceder acesso às listas de espera de doentes a operar no SNS, permitindo-lhes escolher os casos que lhes dão mais lucro e menos trabalho, deixando os doentes mais complexos e dispendiosos para o já sobrecarregado sistema público. Estas operações serão pagas por todos os contribuintes, desviando recursos que deveriam ser aplicados no reforço do SNS para encher os bolsos de empresários da saúde. Isto não é complementaridade, é predação!
Na Habitação, a situação não é menos preocupante. Em vez de seguir as recomendações da Comissão Europeia por uma maior regulamentação do mercado de arrendamento, o governo de Luís Montenegro opta por dar mãos livres aos senhorios para continuarem a aumentar as rendas indiscriminadamente. Para agravar, os subsídios que o governo promete atribuir a uma minoria de inquilinos não servirão para aliviar a pressão, mas para serem embolsados pelos próprios senhorios, que verão os lucros aumentarem à custa do dinheiro de todos nós. Esta medida é um incentivo à especulação e uma afronta a quem luta para ter um teto sobre a cabeça.
Os eleitores que, de forma consciente ou inconsciente, reduziram as esquerdas a menos de um terço dos deputados no parlamento, verão em breve os efeitos pesados das suas más escolhas. A privatização da saúde e a desregulamentação da habitação não são soluções, são problemas que irão aprofundar as desigualdades, precarizar a vida de milhares de famílias e tornar Portugal um país onde o acesso a bens essenciais é um luxo para poucos. Afinal, por vezes, os povos precisam mesmo de provar o veneno cuja tampa abriram, para então, e só então, constatarem as suas tóxicas consequências.