No cinema, Monty Python e o Cálice Sagrado apresentou-nos a figura inesquecível do Cavaleiro do Ni!. Este guerreiro, com armadura intimidante e palavra-chave assustadora – "Ni!" – representava a irracionalidade do poder, a imposição de vontades absurdas e a incapacidade em aceitar a realidade fora do seu pequeno e autoproclamado domínio. Ele exigia sacrifícios ridículos e bloqueava o caminho de qualquer um que não se submetesse aos caprichos mais banais. A sua força não vinha da lógica ou da razão, mas da intimidação e repetição exaustiva de uma ordem sem sentido.
Ora, é tentador olhar para o cenário político português e ver ecos desta figura imponente. O governo de Luís Montenegro, e do seu braço-direito, Martins Sarmento, parece, por vezes, encarnar esta mesma obstinação. Lembram-se do Cavaleiro do Ni! a insistir que o seu arbusto não era suficientemente "belo"? Pois bem, o governo parece fazer algo semelhante com as previsões económicas.
Enquanto a maioria das instituições – o Banco de Portugal, a Comissão Europeia, a OCDE – grita a plenos pulmões "Ni! Ni! Ni!" (que, neste caso, se traduz em "menos crescimento", "possível défice" e "cautela"), o governo parece manter-se firme, qual Cavaleiro do Ni! inabalável. É quase como se dissessem: "As nossas previsões são as corretas! As vossas não são 'belas' o suficiente!". A insistência num otimismo cada vez mais isolado no panorama das projeções económicas faz-nos questionar se não estamos perante uma nova versão do personagem com a realidade moldada à medida das convicções, independentemente dos factos.
Montenegro e Martins Sarmento, cada um à sua maneira, exibem essa convicção férrea. Enquanto os indicadores externos se acumulam e apontam para um abrandamento, a resposta do governo parece ser a de exigir que a economia "traga um arbusto mais bonito", ou seja, que se alinhe com as suas visões mais cor-de-rosa. A cada revisão em baixa das projeções por parte de entidades externas, parece surgir uma nova e mais sonora proclamação de "Ni!" por parte do executivo, como se a simples repetição garantisse a materialização da sua própria versão da realidade.
É uma dança peculiar, onde o governo tenta, à semelhança do Cavaleiro do Ni!, impor a sua narrativa através da pura e simples repetição, esperando que o mundo se curve às suas exigências, por mais descabidas que possam parecer aos olhos dos "observadores externos". Resta saber quanto tempo esta tática de "Ni!" conseguirá iludis os crédulos perante a inevitável chegada de um coelhinho assassino... ou, neste caso, da crueza dos números.
Mas pelas previsões do blog, deixá-los pousar, deixá-los pousar, eles já sairam do governo e são agora a oposição.
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