Quatro foram as vezes em que o presidente da câmara de Loures e da FAUL do Partido Socialista foi notícia por más razões.
Na primeira colou-se aos detratores do Serviço Nacional de Saúde para criticar o estado de degradação no Hospital Beatriz Ângelo em Loures como se o mal não fosse o empenhamento insuficiente do governo de António Costa na sua consolidação, mas a substituição dos que ali, anos a fio, tinham gerido a instituição como fonte de negócio.
A segunda foi quando se colou a Carlos Moedas na defesa da ampliação das competências das polícias municipais numa clara assumpção de como a criminalidade é um mal em si, a ser combatida com uma ação policial mais musculada, em vez de a entender nas razões sociais e políticas, que lhe dão azo.
Saltando a terceira notícia - abordada mais adiante - fica a ignóbil e anticonstitucional colagem ao Chega na intenção de retirar casas municipais às famílias de quem vier a ser condenado pelos atos de vandalismo subsequentes à morte de Odair Moniz como se a punição devesse ser alargada a quem nada fizera e apenas tinha algum parentesco com os eventuais acusados. Felizmente foram vários os socialistas que, da direção e parlamento às suas bases, se insurgiram contra a evidência de haver quem se diz socialista e pensa exatamente como André Ventura e seus apaniguados.
Razão para também considerar lamentável a terceira notícia: a eleição do mesmo personagem para a liderança da Federação do PS em Lisboa. Como é possível que, com o seu cadastro opinativo, Ricardo Leão, tenha tal responsabilidade? É que a notícia desta semana não resultou numa eventual precipitação suscitada pelo calor dos acontecimentos recentes e sua discussão numa reunião camarária: ele já demonstrou ser essa a sua forma de pensamento e até julgará ser a sua expressão a melhor forma de vir a ser reeleito nas eleições municipais do próximo ano. Mas, num Partido onde Pedro Nuno Santos tem feito prevalecer a ideia de serem mais importantes os princípios do que os conjunturais ganhos táticos de cada momento, o político em causa parece totalmente desajustado do Partido sob o qual tem ganho notoriedade. Mais parece o carneiro que quer ser lobo e, entusiasmado, lhe veste a pele.