sexta-feira, 3 de maio de 2024

Vai ser curta a festa deles, pá!

 

Voltasse ao mundo dos vivos, e quisesse replicar uma análise semelhante à que produziu sobre o 18 de Brumário de Luis Bonaparte, que diria Karl Marx desta enésima repetição de um governo da AD? Se é certo que teve o cuidado de anteceder a expressão “pelo menos” na constatação da tendência da História para se replicar, que haverá a acrescentar à tragédia (cavaquista) da primeira vez - e dando de barato ter o sácarneirismo sido breve prólogo aos malefícios do filho de Boliqueime! - e à farsa santanista subsequente? Depois da palhaçada protagonizada pelo autarca da Figueira da Foz, que se pode esperar deste interlúdio montenegrista senão a vigência de uma permanente trapaça?

Isso mesmo o confirmou Miranda Sarmento com a indesculpável comunicação de ontem, quando quis iludir a incapacidade para cumprir todas as promessas, que o suposto choque fiscal e o mirífico crescimento exponencial da economia lhe prodigalizaria. Agora que as contas começam a exigir-lhe a assinatura para serem pagas o presumido centeno do PSD vê-se no mesmo filme de há duas décadas quando Durão Barroso comprovou não ter dedos para tão exigente guitarra, e aproveitou para dar às de vila diogo tão-só a conjuntura veio ao encontro do seu congénito oportunismo (e isso digo-o eu que o tive por colega de liceu nos idos anos 70 e já então sentia por ele uma forte antipatia!).

Encontrar saída para o embrincado labirinto em que se vê, eis o que Sarmento e seus colegas sentirão como urgente, cientes de estarem a percorrer um caminho de pedras em vez da celestial estrada de tijolos amarelos, que os deveria levar para o outro lado do arco-íris. Porque, em vez de céus claros eles tendem-lhes a ser assaz nebulosos.

Imagino a deceção de quantos se julgaram potencialmente satisfeitos nos anseios de uma vida melhor ao confiarem o voto a quem tantas vezes já deu provas de incompetência e insensibilidade social. Não admira que, sentindo curta a festa, o governo cuide de arranjar emprego para os amigos o mais rapidamente possível mesmo recorrendo a argumentos  injuriosos. É torpe o que os seus ministros fizeram a Fernando Araújo ou a Ana Jorge esperando-se por novos episódios nas semanas vindouras. 

Sendo a pressa má conselheira será inevitável o tombo a curto prazo. Para desgosto de um Marcelo, que terá julgado cumprido o desígnio de afastar as esquerdas do poder e as verá de volta a curto trecho. Até porque, como o demonstraram as manifestações da semana transata, são muitos mais os milhões apostados em defenderem os valores de Abril do que quantos, por perfídia ou ignorância, se deixam embalar pela conversa patranheira do farsante-mor...

1 comentário:

  1. Pior que um "farsante" môr é um pantomineiro môr que nas sombras, lá vai manorando

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