sexta-feira, 24 de maio de 2024

A pressa arrivista

 

O fartar vilanagem do (des)governo nestes últimos dias - com exonerações e nomeações, decisões sobre aeroporto e nova ponte sobre o Tejo, ou o acordo com os sindicatos dos professores da sua área política, só têm um significado: dar a sensação de existir de facto. Importa a Montenegro & Cª limitarem os danos de um resultado nas europeias, que quase todas as sondagens dão como dificilmente virem a saldar-se por uma vitória, ou mesmo por um empate técnico.

É claro que a desculpa esfarrapada já está mais do que preparada - as ilações nacionais não poderem ser tomadas, sobretudo em função do seu âmbito e da provável dimensão da abstenção -, mas o mal anda a ser feito apressadamente nesta ânsia de mostrar trabalho, que já com gente competente tem que se diga, quanto mais por ambiciosos arrivistas.

O Partido Socialista tem de se cuidar: as circunstâncias em que lhe voltará a encarar com a correção das contas públicas não serão mais fáceis do que as vislumbradas em 2016, quando teve das demais esquerdas a ajuda para as levar bom porto. E com o apoio entusiasmado das extremas-direitas, a medíocre Ursula já anda a exigir mais “reformas estruturais” sabendo nós muito bem o que isso significarão. Schauble já morreu e o ministro dinamarquês do Eurogrupo já não fala de vinho e mulheres do sul da Europa, mas persiste  a obstinação em garantir lucros aos mesmos do costume.

As semanas vindouras, com medidas a sugerirem um poço sem fundo donde brotam líquidas transparências, serão pagas com língua de palmo nos orçamentos seguintes a começar pelo de 2025, que Marcelo pretende fazer o PS engolir com a chantagem de pôr em risco o PPR. Ele já prognostica difícil digestão, sobretudo para o eleitorado hélas confrontado com as escolhas feitas em 10 de março.

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