terça-feira, 21 de maio de 2024

Uma solução tão óbvia

 

1. Há quem se iluda com a suposta perenidade das direitas no poder quer pela fraqueza das esquerdas, que insistem em se desunir (França e Itália) ou repetir calamitosas terceiras vias (Inglaterra e Alemanha), quer pela aparente ascensão das suas versões mais extremas (Itália, Hungria, Países Baixos).

Dado que nenhuma dessas forças políticas têm resposta para os desafios colocados pelas sociedades atuais quanto aos direitos fundamentais, mormente a saúde e a habitação, será crível que colham tempestades dos tornados, que vêm lançando um pouco por todo o lado. E que os exemplos de Espanha ainda em curso, e o de Portugal no tempo da Geringonça, venham ao de cima como demonstração de existir caminho para andar quando as esquerdas olham para o que as pode unir, relativizando a importância de quanto as possa separar.

É só uma questão de tempo...

2. A formiga entusiasmada com a poeira que - ajudada pelo elefante em que está montada -, deixa atrás de si, é a melhor metáfora ouvida por estes dias a propósito da aprovação por Luís Montenegro da localização do novo aeroporto. Sugeriu-a Ana Drago num programa televisivo de debate político dado todo o trabalho de monta ter sido feito pelo governo anterior.

Oportunista, o ainda primeiro-ministro limitou-se a colher os respetivos frutos. Nesse sentido tem, de facto, a dimensão de uma formiga, ademais bem menos trabalhadora que a da fábula em que tem a cigarra por comparsa.

3. Texto exemplar, a que não é necessário nada acrescentar, o de Daniel Oliveira sobre a forma como os poderes lusos andam a tratar os para cá emigrados em busca de melhor vida. De facto tratamos mal os imigrantes: “Nas estufas, nas casas lotadas da Mouraria, na AIMA, interessa é quanto se pode tirar desta vaca leiteira. Dão 1,6 mil milhões de lucro à segurança social, são 10% de um país envelhecido e 13% da população empregada e estão a repovoar o território. São explorados pelas máfias, pelo patrão, pelo senhorio e pelo Estado. E, quando são espancados, a culpa ainda é deles.

(...) A imigração é uma boa notícia. Quem a recusa está a recusar a riqueza económica, social, cultural e política que a diversidade nos oferece. Deseja-nos orgulhosamente sós, puramente brancos e saudosamente decadentes.”  

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