domingo, 12 de maio de 2024

Os dois passos adiante seguem dentro de momentos

 

Não sei se o Pedro Nuno Santos gosta da obra do Leonard Cohen, mas ao ouvi-lo anunciar que vai ganhar as europeias para, logo a seguir, ganhar Portugal, lembrei-me do ritmo galvanizador de “First we take Manhattan, then we take Berlin”. Porque é disso que se trata: os trinta dias de desorientação da equipa de Montenegro têm sido tão elucidativos quanto à incompetência e impreparação de quem a integra, que serão muitos os que estarão arrependidos com o castigo, que quiseram dar ao Partido Socialista em 10 de março. E serão esses a garantir a vitória em 9 de junho, que servirá de trampolim para a reposição da normalidade democrática interrompida pelo golpe de Estado promovido pelos procuradores do ministério público.

Agora até gente insuspeita de simpatias socialistas, como é o caso do diretor do «Expresso», reconhece um claro cheiro a urgência nas substituições de titulares de cargos públicos em que são risíveis as justificações quanto à sua competência. “O novo governo optou por uma caça às bruxas, com acusações apressadas e pouco sustentadas, para justificar saneamentos políticos em áreas sensíveis”, lê-se na coluna do referido João Vieira Pereira. E, na «Visão», Rui Tavares Guedes apimenta o escrutínio deste momento político com lapidar conclusão: “quando se governa com lentidão nas decisões, mas com rapidez nas demissões (ainda por cima mal explicadas), abre-se uma avenida para o populismo”. Embora queira acreditar que serão os partidos das esquerdas a melhor rentabilizarem a deceção dos eleitores com a manifesta falta de jeito dos políticos das direitas para acolherem-lhes as expetativas de vida menos difícil.

Após breve interlúdio para gáudio de Marcelo e dos boys de Lucília Gago, voltemos à tradição de termos as esquerdas maioritárias a garantirem os dois passos por diante depois de tão atabalhoado passo atrás.

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