sexta-feira, 17 de maio de 2024

Contributos para mais umas quantas notas de rodapé

 

Por muito “ingénuos”, que certos telecomentadores se mostrem, a história conta-se mais ou menos assim: desafiado pela iminência do primeiro debate quinzenal com a oposição, Luís Montenegro terá convocado os assessores e ponderado no que poderia utilizar como argumentos a seu favor, quando mais do que provável seria imputarem-lhe os saneamentos políticos e a inação durante o primeiro mês de guardião do “pote”.

As decisões sobre o aeroporto, o TGV e a terceira travessia do Tejo eram fato feito à medida da urgência do momento: não só António Costa deixara-lhe a autoestrada pronta para por ela circular como - mais importante ainda! - sendo matérias mediáticas não o obrigam a sobre elas agir no imediato, podendo adiar ad eternum, qualquer passo nesse sentido. Tanto mais que adiar foi coisa, que sempre pode criticar em quem o antecedeu.

Já quanto ao aumento da atividade no aeroporto de Lisboa - dando assim plena satisfação às pretensões do amigo Arnaut! - foi dito e feito. Se não soubéssemos como o atual elenco (des)governativo estará prevenido quanto à coscuvilhice dos procuradores do ministério público, seria interessante conhecermos as conversas em que Pinto Luz terá combinado com a Vinci o aumento em quase 20% os voos diários a sobrevoarem a capital, ou a malcriada ministra do Trabalho terá convidado para provedor da Santa Casa um economista dado como pouco sério na gestão de um banco moçambicano. Muito provavelmente teríamos uma dimensão adulta para aquilo que um caso como o do centro de dados em Sines não passaria de coisa de meninos.

Ao fim de um mês, e mais do que ambíguas exonerações à parte, este tempo de Montenegro tem sido o de um singular vazio de decisões, que condiz com a inconsequência da sua existência. Prefigura-se mais um período da nossa História que, a ter alguma relevância, ficará cingida às das notas de rodapé. 

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