terça-feira, 7 de maio de 2024

Um desgoverno acabrunhado

 

Em tempos - que já lá vão! - costumava-se dar o benefício da dúvida a um governo durante cem dias para ver quanto valeria. Com o da Aliança Democrática nem foi preciso um mês para aferir o nenhum mérito. Para além do logotipo e uns quantos saneamentos indisfarçavelmente políticos, que legado fica da sua ação?

Acabrunhado, Montenegro foge aos jornalistas para furtar-se a explicar o inexplicável, e de pouco lhe servirão tribunas como as do jantar do aniversário do PPD, porque lembra invariavelmente a canção de Mina sobre a futilidade de certas parole.

Pedro Nuno Santos tem razão plena, quando diz ser este (des)governo quem aposta em provocar novas eleições no mais curto prazo possível antes que se torne ainda mais evidente o quanto se distancia a prática das promessas com que quis embalar o eleitorado.

Esta permanente instabilidade não tenderá a facilitar a réplica da vigarice cometida em tempos por Cavaco Silva para conseguir a maioria absoluta. Até porque a memória curta dos portugueses chega para lembrar o que, para além da campanha criada por sucessivas corporações para derrubar o governo anterior, este estava de facto a concretizar para dar satisfação às suas necessidades.

Embora desejasse que viessem essas novas eleições, que reencaminhassem o país para o trilho do que foi interrompido com as de 10 de março, desconfio que o desejo de conservar o poder seja tanto nas hostes laranjas que, mais facilmente, darão a Ventura aquilo que ele lhes exigirá.

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