Embora seja mais novo que Marcelo o que este sabe há muito Costa o esqueceu: quando o inquilino de Belém andou a querer que o primeiro-ministro avançasse algumas das previsões macroeconómicas na base do próximo Orçamento de Estado facilmente adivinhou o quanto elas o sujeitariam à prova de fogo de um conjunto de “comentaristas” que, independentemente do conteúdo, logo começariam por as desqualificar, considerando-as inconformes com a realidade tal qual as suas míopes lentes iludem. Tanto bastaria para, nos dias subsequentes a 10 de outubro, subir de tom o clamor quanto ao considerado no documento principal. Assim, mesmo sabendo nada poder contra a maioria absoluta, Marcelo teria preparado o alarido, que deixaria o governo na defensiva.
Claro que António Costa não teve de fazer grande esforço mental para adivinhar a estratégia do ex-professor e deixou-o a falar sozinho, que é quanto ele merece até deixar livre a cadeira para nela se sentar o sucessor. Depois, quando o Orçamento for discutido e aprovado na Assembleia da Republica, restará aos partidos da oposição juntarem as vozes, em desafinado coro, a um presidente fadado a cantar cada vez mais em voz de falsete!
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