1. Pressenti-o quando ouvi António Costa a dar a suposta boa notícia quanto à forma como os pensionistas seriam contemplados com o pacote de apoios formatado para corresponder à inflação: sem pudor os que lhes tinham roubado dois meses de pensões por altura da aplicação das medidas aconselhadas pela troika e depois pretendiam espoliá-los de mais 600 milhões de euros, seriam dos que mais vociferariam. Montenegro, que foi um dócil animal de companhia de Passos Coelho, é capaz de mandar às malvas a História e assumir-se como virgem virtuosa capaz de olhar para os “velhinhos” com a expressão compungida de quem só deles quer recuperar os fugidios votos.
Significa isto que estou confortável com as propostas de António Costa? Claro que não: lembrando as palavras cantadas por Sérgio Godinho, elas souberam-me a pouco, a pouquíssimo. Confesso até que, quando em 2014 me empenhei a sério para que António Costa viesse a ser líder do meu partido, e depois primeiro-ministro, não esperaria que, garantidos esses objetivos, estivesse oito anos depois sem médico de família, que o novo hospital do Seixal continuasse a ser uma miragem ou a pensão de reforma não viria a respeitar a fórmula aprovada em 2008 na reforma de Vieira da Silva. E que não impusesse a mais do que justa windfall tax contra os que, indecentemente, estão a lucrar com as circunstâncias, que a todos os demais empobrecem.
Mas, olhando para as alternativas, tenho de convir que, a grande distância, as insuficiências de António Costa são preferíveis às malfeitorias que sofreria por obra e (des)graça dos que agora contra ele arengam. Preferia defender Costa pelo que de bem vai fazendo mas, nalgumas das suas decisões governativas, quedo-me por não causar tantos danos quanto os que adviriam da concorrência.
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