A História dos povos tem demonstrado que uma das mais persistentes diferenças entre as esquerdas e as direitas é a de que enquanto estas não conseguem desviar-se dos paradigmas do passado («as coisas continuarão a ser como são» é um dos seus mais enquistados lemas!), aquelas têm aquilo que o poeta António Machado definiu como os olhos carregados de futuro.
Vem isto a propósito do debate parlamentar de hoje em que António Costa apresenta o Roteiro do Conhecimento e da Inovação pelo qual o governo pretende estimular essa orientação para o que será a nossa sociedade no médio e no longo prazo e para o qual as universidades (nomeadamente as do interior do país, onde tanto importa combater a desertificação!) terão papel determinante.

No caso do deputado comunista podemo-nos questionar se terá aderido à ironia assassina de Jerónimo de Sousa que, a propósito do afã reivindicativo do líder da UGT se mostrara surpreendido na semana transata com essa pressa em querer anunciar greves acaso não se verifiquem aumentos na função pública. Será que João Ferreira não queria dizer o que as suas palavras deixaram transparecer ou confirmou a tendência para a fácil demagogia, aqui e além pressentida nas suas posições públicas?
Tendo em conta a honestidade intelectual, que o secretário-geral comunista sempre revela a referida «surpresa» só pôde ser entendida como uma eficiente e violenta farpa no habitual oportunismo de Carlos Silva. E, porque este tanto se «notabilizou» pela negativa numas jornadas parlamentares do CDS em que disse raios e coriscos da intervenção de militantes comunistas na Autoeuropa, cabe aqui reconhecer (eu próprio em dada altura me pronunciei contra o aparente aventureirismo de uma percentagem significativa de trabalhadores da fábrica de Palmela!) se eles não têm razão efetiva em defenderem um horário de trabalho, que não contemple fins-de-semana. É que se a administração não consegue organizar logisticamente o fornecimento de peças de forma a não se verificarem pausas forçadas nas linhas de produção, para que está com tanta determinação a pretender que os trabalhadores se esqueçam de alguns dos seus direitos á luz da legislação laboral?
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