terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Ambientes poluídos


Do «Correio da Manhã» conhecemos a criminosa falta de escrúpulos, que norteia a sua atividade desinformativa a que, muito justamente, José Sócrates qualificou de «jornalismo de sarjeta». Poderíamos, por isso mesmo, supor que os negócios do seu dono, Paulo Fernandes, teriam o mesmo tipo de característica. Pois se ele consente nos despautérios de Octávio Ribeiro e Eduardo Dâmaso sem lhes exigir um mínimo de decência, está-se mesmo a ver que os serventuários apenas replicam o «modus faciendi» de quem lhes paga e cobre os costados.
O sucedido com a Celtejo tende a confirmar isso mesmo. Empresa pertencente ao grupo Cofina, ela é a mais que certa responsável pela poluição, que matou a fauna num trecho importante do Tejo a jusante de Vila Velha do Ródão, com uma descarga que, quem a fez, julgou facilmente diluível no abundante curso do rio, esquecendo-se que a seca denunciou o que antes disfarçava. E, porque a recolha de provas poderia demonstrar essa responsabilidade, sem possibilidade de refutação em Tribunal, mão clandestina incumbiu-se de, durante três dias seguidos, sabotar a operação, obrigando a repeti-la depois já com cobertura policial.
Quem pretendeu omitir essas provas terá esperado que os resultados da tardia amostra já possam facilitar-lhe a contestação, que não deixará de alimentar enquanto for possível. A água entretanto chegada de montante terá reduzido significativamente a dimensão da poluição ali verificada anteriormente. Mas se o «Correio da Manhã» é tão lesto a tornar culpado quem nenhum tribunal comprovou sê-lo, nós podemos também imitá-lo na convicção de ter sido, efetivamente, a Celtejo a fazer a descarga culposa. Até porque as análises às outras empresas de celulose da zona - que, ao contrário das da Celtejo, não desapareceram por «artes mágicas» - demonstrou-as a funcionarem de acordo com os padrões regulamentares.
Esperemos, pois, que os magistrados, enviados para investigar o crime de sonegação de provas, sejam eficientes e mostrem-se isentos tendo em conta as fundamentadas suspeitas de muitos sobre as relações de promiscuidade entre o jornal de Paulo Fernandes e a Procuradoria-Geral da República.
Positiva é, para já, a unanimidade verificada no Parlamento com todos os partidos a convergirem na urgência de medidas urgentes para a redução da carga poluidora no Tejo, seja através da revisão das licenças ambientais para nele operarem, seja numa maior fiscalização da sua atividade. Esperemos que isso baste para que o rio volte a ter a riqueza piscícola de outros tempos e permita nele nadar sem riscos para a saúde.

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