sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

(Re) Geringonçando

 

1. Olhando para o debate entre Mariana Mortágua e Rui Rocha pode constatar-se a permanente indelicadeza do líder da Iniciativa Liberal, que andou a interromper a interlocutora para impedi-la de, reiteradamente, o instar a explicar a proposta de borla fiscal a dar aos bancos, à Galp e a outras empresas já responsáveis por indecorosos lucros nos últimos anos.

É um mistério que, após tantos exemplos concretos sobre os malefícios do capitalismo selvagem, ainda sobrevivam estes aiatolas das privatizações e da mão invisível do mercado, defendendo estas ideias com a convicção dos vendedores da banha da cobra que, no Oeste Selvagem do século XIX, seguiam o rasto das caravanas para publicitarem poções miraculosas a quem conseguissem enganar.

Barafustando, mentindo, primando na descortesia, Rui Rocha mostrou como o neoliberalismo do século XXI é a mera recitação de fórmulas mais do que estafadas.

2. Manuel Carvalho faz uma série de considerações sobre a perda de influência do Partido Comunista - muitas delas produto de uma estereotipada cassette! -, mas acerta no elogio a uma ética, que Paulo Raimundo tem personificado durante os debates. Lamentando que valores básicos tenham sido secundarizados em nome de uma estratégia comunicacional orientada para a conquista de votos, o antigo diretor do «Público» não os explicita, mas estão em causa o cavalheirismo, a capacidade para ouvir de quem se discorda e, serenamente, desarticular-lhes os argumentos com outros racionalmente mais ajustados a uma sociedade decente. E, por isso mesmo, sou dos que continuo a entender imprescindível a influência relevante dos comunistas na definição das políticas do país e a desejar-lhes melhores resultados. Porque, das suas lutas, resultaram muitos dos direitos de que hoje usufruem quem não lhes reconhecem esse mérito.

3. Alguém disse há poucos dias a estranheza por o Livre não ter votação mais substantiva do que tem conhecido eleitoralmente. Porque ouvindo Rui Tavares temos de constatar a inteligência e robustez das suas alegações. Nesse sentido tem sido interessante ver como, perante as características, de cada oponente, tem sobre eles prevalecido em quase todos os debates.

4. Pelo que fica aqui dito não sobram dúvidas sobre o meu desejo para a noite de 10 de março: assistir a uma grande vitória do Partido Socialista, mas desejando que consiga liderar uma grande frente de esquerda contra as políticas pretendidas pelas várias direitas.

1 comentário:

  1. Ena! Um PS que quer a vitória do seu partido. É que tenho a impressão de que uma boa parte até abre a garrafa se o bruto esquerdista perder. Verdade seja, fico cou a ideia de que ele se tem vindo a enterrar.

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