Os cartazes e as exaltações salazaristas do energúmeno que vai iludindo uns quantos crédulos quanto à ideia de a terra ser plana - ficando a parte de cima para os imaculados brancos com uma particular ganância pelo enriquecimento rápido e sem escrúpulos, sendo a de baixo para todos os outros, merecedores de aljubes e tarrafais, se não mesmo de câmaras de extermínio se forem ciganos ou bengalis - são uma afronta para quem os vê no espaço público.
É caso para sugerir à criatura que prontamente se suicide: na sua alegada crença católica, mitigaria imediatamente as saudades, sentando-se ao lado de São Pedro com o botas de Santa Comba no outro lado. Se houve gente suficientemente tola para avançar nos campos de batalha com uma chave e a perspetiva de logo se ir deleitar com não sei quantas virgens, não deveria o André atalhar o encontro com o seu ídolo?
Na mesma linha de quem recusa ser o que não é, o Tózé reafirma na entrevista ao Público o que dele já sabíamos: a ânsia em não ser confundido com a esquerda. Como é que alguém poderia ser quem não é? A questão persiste sem resposta convincente.
Entretanto, do outro lado do Atlântico, o marado da motosserra ganhou as eleições menos participadas da Argentina desde 1983. Por ora, os que perderam empregos e procuram sobreviver de biscates alheiam-se dos mais que justificados protestos. Mas estando a situação destinada a piorar ainda mais, só se espera que acordem e deem ao amigo de Trump o trato que ele desde o início merece.
Há, porém, sinais esperançosos noutras paragens. A geração Z de vários países do Terceiro Mundo - Nepal, Madagascar, Peru, Marrocos - mostra ter visto extravasado o copo da sua paciência e dispõe-se a vir para a rua exigir outra forma de resolver os seus problemas. Só falta contagiarem, pelo exemplo, os que têm a mesma idade nas sociedades ditas desenvolvidas do ocidente, também eles a contas com becos sem saída de que têm de se livrar.
Por cá há indícios de como isso começa a verificar-se: a luta contra o aumento das propinas parece estar a suscitar crescente mobilização. Resta saber se terá fôlego para se transformar em movimento mais amplo.
E, a finalizar, será de acompanhar atentamente as ações do secretário de Estado Bernardo Correia, que ganhava mais de 44 mil euros mensais na Google e foi para o governo auferir 90 mil por ano. Se calhar os procuradores, que tão lestos se mostraram a espiolhar a vida e os contactos de João Galamba com os seus amigos e conhecidos durante quatro anos, encontrarão no referido "governante" fartos motivos para desconfiarem de marosca. Afinal, ele tutela a área que poderia e deveria aumentar a regulamentação sobre as tecnológicas e, pela inação, só poderá estar a fazer-lhes o frete.

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