sábado, 25 de outubro de 2025

Que triste estado de coisas!

 

A especialidade das direitas, segundo Pedro Adão e Silva, é inventar problemas onde não existem para desviar as atenções daqueles que não conseguem resolver. Daí a importância dada à proibição da burqa, quando a saúde, a habitação e o aumento do custo de vida agravam-se sem resposta efetiva.

No mesmo sentido, Susana Peralta pergunta se os legisladores que proíbem a burqa acreditam que, no dia seguinte, essas mulheres virão de cara descoberta para a rua. Pelo contrário: juntam assim a violência já contra elas cometida com a de serem remetidas ao espaço doméstico sem poderem frequentar o espaço público. O corpo da mulher serve assim, às direitas, como palco para as suas guerras culturais.

Os problemas reais permanecem, de facto, sem solução. A habitação é o problema mais urgente das sociedades modernas, impedindo estudantes, professores, médicos, polícias e outros a deslocarem as suas vidas para zonas diversas daquelas onde vivem. E está na origem do indecoroso ressurgimento dos bairros de lata, vergonha que pensávamos ter deixado para trás.

Ao mesmo tempo o Conselho de Finanças Públicas reafirma não acreditar nos números do governo para o Orçamento de 2026: as despesas estão subavaliadas, pelo que o proclamado excedente é mais uma manifestação do pensamento mágico de Montenegro e Sarmento. A realidade há-de cobrar a fatura desta ilusão contabilística.

Outros problemas anunciam-se todos os dias. Agora são as cinco centenas de crianças dos colégios privados de educação especial em vias de ficarem sem onde possam prosseguir a educação. Um estudo mostra não haver jovens que queiram ir para a polícia, preferindo ir para caixas de supermercado. E neste ano fecharam 37 salas de cinema e mais nove estão em vias de ter o mesmo destino. Colapso merecido para as distribuidoras que nelas limitam-se a ser correias de transmissão dos estúdios de Hollywood, mas sintoma de um empobrecimento cultural preocupante.

Para finalizar, a campanha de muitos socialistas a apelarem para que os candidatos à esquerda desistam em favor de António José Seguro. Homessa: não foi ele um assumido opositor da Geringonça? Não disse há dias que teria voltado a repetir o acordo com Passos Coelho se voltasse ao passado em que foi remetido ao merecido caixote do lixo de onde tenta de novo emergir? É este o candidato que a esquerda deveria apoiar em nome da unidade? Que triste estado de coisas. 

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