quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Todas as lutas numa estratégia frentista de esquerda

 

O sucesso das direitas, incluindo a das suas expressões mais extremas, em sucessivas eleições nos meses mais recentes, veio diminuir a importância das lutas inorgânicas, ou, pelo menos dissociadas dos partidos de esquerda, que os ativistas pela sustentabilidade do clima, pelos direitos das mulheres, ou contra a xenofobia, vinham travando com maior ou menor visibilidade mediática.

Hoje são muitos os atores políticos, que não têm qualquer pudor em negar a evidencia quanto ao aquecimento global, os que querem fechar as mulheres no recato caseiro, ou pugnam pela devolução dos refugiados (mesmo os perseguidos politicamente) aos seus países de origem.

Eis um caso evidente de segmentação de lutas, que só pode anunciar derrotas certas. Mas, porque a repressão contra as minorias engendrará um sem fim de derrotas, importa que as esquerdas convirjam no essencial: todas coincidam no comum interesse em verem corrigidas as injustiças, que sobre elas pendem.

Não sendo desejável, que as esquerdas façam das ditas causas fraturantes o eixo fundamental da sua ação - que é a de combaterem a lógica exploradora de um capitalismo regressado ao seu fervor mais selvagem (quão distante vai a intenção de construir uma sociedade de bem estar com qualidade de vida para as pujantes classes médias!) - não podem esquecê-las na estratégia de combate a essas direitas, que ostentam a arrogância de quem acredita no tal fim da História, que tudo deixaria doravante tal qual está.

Mas o maior desafio, que se coloca às esquerdas é o de saberem vacinar-se contra o sectarismo a que são tão vulneráveis. Se Espanha mantém um governo em contracorrente à lógica do que se passa na União Europeia é por Pedro Sanchez ter criado a cumplicidade dos menores denominadores comuns com os partidos independentistas e os situados à sua esquerda. Se em França as esquerdas deram a Macron uma humilhante derrota, que ele ainda tenta contornar com governos incapazes sequer de aprovarem orçamentos é porque, apesar do narcisismo de uns quantos - a começar em Jean Luc Mélenchon - terem conseguido criar uma Nova Frente Popular num tempo record.

As lições estão aí á vista de todos. Haja quem as saiba aproveitar! 

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