Em 7 de junho de 1940, com Salazar e o bispo de Aveiro a encabeçarem-na, toda a corte do Estado Novo juntou-se no estaleiro do mestre Manuel Mónica na Gafanha da Nazaré, para assistirem, com pompa e circunstância, ao lançamento à água da nau Portugal, que deveria ser uma das principais referências da Exposição do Mundo Português.
O que sucedeu, recorda-o uma reportagem do canal franco-alemão Arte, que dá ao caso uma dimensão quase sempre esquecida por quem costuma abordar esse momento da História lusa: tão-só chegado ao ambiente líquido, que lhe deveria ser natural, a nau tombou por efeito, segundo a versão oficial, de um excecional golpe de vento, mas quase por certo dando razão às más-línguas cedo desconfiadas de não ter o sapateiro Leitão de Barros arte para tocar tal rabeca.
O cineasta oficial podia saber alguma coisa de cenografia ao jeito do que conviria à propaganda do Estado Novo - e por isso criou uma coisa kitsch, muito diferente do que eram as verdadeiras naus quinhentistas! -, mas, sobretudo, sem a devida arte de construção naval, que lhe deveria assegurar a estabilidade acima da linha de água.
Reparada, a nau ainda foi rebocada para o cais de Belém a tempo de complementar o cenário da celebração colonial-fascista, mas já manchada pelo pecado original do sinistro conhecido semanas antes. E, comprovando a má-sina, que acompanha tudo quanto é mal feito, acabaria novamente tombada no mesmo cais, quando o ciclone do ano seguinte a veio novamente demonstrar imprestável para qualquer viagem marítima além-Tejo.
Por coincidência vi essa peça televisiva no mesmo dia em que Mário Centeno veio armar-se no estraga-festas de Montenegro, prenunciando-lhe o quase certo défice nas contas públicas em 2025, precisamente numa altura em que os vendavais vindos de Washington, Paris, Berlim e Bruxelas mais imporiam, que se mantivessem equilibradas para salvaguardarem a dívida soberana em prudente patamar.
Que não será assim, disse-o Centeno com todas as letras, preparando os sinos para virem a dobrar pela excomungada morte política e económica deste governo a quem não chegou o esbanjamento do excedente deixado pelo governo do Partido Socialista, nem chegarão as “históricas” (dixit Leitão Amaro) inaugurações propiciadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência para recriarem as condições em que Cavaco Silva conseguiu a malfadada maioria absoluta.
Um dia, num futuro não muito distante, o patético ministro da Presidência ainda lamberá as feridas de tão colossal ... flop!
Essa conversa toda é para dizer à malta do PS que o regresso não vai demorar muito? Passa o tempo a profetizar desgraças. 1% de déficit ou menos que isso...não é por aí que chega o dilúvio.
ResponderEliminarSim, o governo é fraco, fraquíssimo. Daí a ver no poleiro Costa filho, Cabrita filho, César filho...