sábado, 5 de outubro de 2024

As direitas confiadas no quanto pior melhor

 

A luta dos sapadores bombeiros, com a forma inorgânica como se revestiu a subida dos degraus para a Assembleia, veio mostrar como este (des)governo perdeu a autoridade e possibilitou as reivindicações de todas as carreiras especiais da função pública em detrimento das de carácter geral. Mormente as dos técnicos superiores, que deveriam constituir a prioridade na reestruturação administrativa necessária à resposta dos tempos atuais.

Quando António Costa demonstrou efetiva firmeza em não satisfazer esses interesses corporativos sabia bem o que se seguiria à sua satisfação parcelar: feito o acordo com uns, logo os outros se levantariam para reivindicar iguais benesses como se os cofres públicos fossem poço sem fundo.

Porque lidera um governo fraco Montenegro multiplicou-se em cedências, fiado na probabilidade de ir rapidamente a eleições reforçando-se o suficiente para ganhar uma força que, rapidamente, retiraria com uma mão o que agora estendera tão galhardamente com a outra.

No entretanto de pouco lhe interessa a manifesta infiltração da extrema-direita nalgumas destas lutas porque sabe-se fadado a com ela se coligar quando, insuficiente para conquistar a maioria absoluta, poderá com ela almejar essa possibilidade. No acordo então estabelecido terá Ventura a abandonar os que agora incita às arruaças cioso de dar-se aos mesmo ares de “cavalheiro respeitável” ainda hoje mal assumido por Nuno Melo.

Estamos, pois, numa daquelas ocasiões históricas em que se cruzam vários caminhos. As esquerdas veem os que deveriam ser seus apoiantes - os que vendem a sua força de trabalho e os jovens - a deixarem-se iludir pelos discursos das direitas como se elas lhes pudessem satisfazer os anseios. E ainda tardam em encontrar argumentos para recuperar-lhes o apoio. Sobretudo porque é desproporcional o controle dos veículos de informação com que podem com eles comunicar. Mas rapidamente terão de vencer essas limitações se não querem deitar a perder o capital de esperança criado em 2015, quando a Geringonça comportava a promessa de um futuro melhor para a grande maioria dos que nela confiaram. 

1 comentário:

  1. Resumindo: a coisa está preta. Pois está. E depois de o governo ter enrabado o PS com o OGE, está mesmo.

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