Não sei o que terá motivado Sérgio Sousa Pinto a aceitar o convite de Ricardo Araújo Pereira para mostrar-se como o mau bufão que é. Porque, sempre que quis falar a sério, não mostrou coerência e, quando quis ter piada, foi simplesmente patético.
Uma das suas afirmações mais repugnantes teve a ver com o dizer-se numa espécie de herdeiro de Mário Soares. Mas qual Mário Soares? Não decerto do que foi comunista, ou defendeu antifascistas, no tempo da ditadura! E tão pouco no que colaborou com quem organizou as iniciativas prenunciadoras da convergência das esquerdas no tempo do desgoverno de Passos Coelho, e contra as tentações colaboracionistas de António José Seguro.
A menos que Sérgio Sousa Pinto apenas se reveja no período em que Mário Soares teve amizade próxima com Frank Carlucci por receio de ver Cunhal bolchevizar este cantinho à beira-mar plantado! Mas vai fazendo caminho a tese de alguns historiadores em como o Kremlin dava prioridade a Angola, que pretendia atrair à sua influência, aceitando o Tordesilhas tácito de ter toda a Europa Ocidental sob a de Washington. O que relativizaria o anticomunismo de Soares, que depressa se dissociaria dessa condição e voltaria a valorizar a importância de fazer das direitas o oponente prioritário.
Para Sérgio Sousa Pinto - assumido amigo de Sebastião Bugalho como reconheceu perante o humorista - o ódio às esquerdas justifica-lhe a tentativa de sabotagem da estratégia de Pedro Nuno Santos. Não lhe interessa que só a si represente - em que secção conseguiria os votos necessários para chegar sequer a liderá-la? - porque satisfaz o umbigo ao dar à comunicação social a caução de, por ele e mais meia-dúzia de outros isolados franco-atiradores, afirmar dividido o PS.
Ao invés, que importância foi dada ao facto de, nos recentes Congressos federativos, tenham vencido todas as listas apoiadas por Pedro Nuno Santos? Nem uma sequer pendeu para o lado desses seus detratores. Mas quem anunciou uma vitória afinal mais retumbante, que os 92% de Montenegro no Congresso de Braga?
Sérgio Sousa Pinto, e quem se presta ao seu burlesco papel, sabem-se premiados pelas direitas por serem dados como exemplos da suposta fragilidade de Pedro Nuno Santos. E, obviamente, compreendo perfeitamente os alertas por este lançados em sua intenção.
Só não entenderei que, futuramente, se continue a garantir elegibilidade a quem se aproveita de sentar-se na última fila da Assembleia para olhar as costas do líder e planear onde melhor o apunhalar...
Pode ser, mas esta história do orçamento mostrou que o partido está partido - e bem.
ResponderEliminarSempre que não lhe agrade a ala direita vai cortar as asas a Pedro Nuno Santos. Diria que este tem os dias contados. Só que me parece também que Carneiro não vai ter grande sorte. É a história da dialéctica hegeliana. Até chegar a síntese vai levar anos. Se chegar...