terça-feira, 8 de outubro de 2024

Remédio antichunga

 

O notável violoncelista Yo-Yo Ma, que ontem celebrou o 69º aniversário, chega a ser lapalissiano, quando considera a Cultura a melhor defesa contra tudo. E, de facto, assim é: olha-se para os grunhos da extrema-direita e impera neles a mais rude ignorância. Desconhecedores da História, criados no caldo de um universo pimba que as televisões tão fartamente lhes prodigalizam à custa do preconceito de ser isso, que dá audiências e lhes alimenta a falta de gosto, eles são os idiotas úteis dos que, por trás dos (des)Venturas desta vida, se deleitam com as condições para melhor alimentarem a sua ganância burguesa.

Tenho saudades do tempo dos operários letrados, que buscavam o conhecimento nas bibliotecas e associações onde ganhavam consciência da classe a que pertenciam. Muito jovem ainda tive a sorte de conhecer alguns com quem era um privilégio dialogar. Porque os calos e as rugas eram complemento eloquente para quanto tinham aprendido nas combativas vidas.

Hoje olhamos para algumas manifestações - de assumidos nazis, de polícias, de sapadores bombeiros - e é fácil detetar a doença, que grassa nas nossas sociedades. Está lá o patrioteirismo, que Samuel Johnson constatava ser o refúgio dos canalhas, e a constância chunga de quem profere as maiores alarvidades julgando-as axiomas irrefutáveis.

Subscrevendo o que diz o aniversariante de ontem importa fazer da Cultura a ferramenta para acantonar as direitas - sejam extremas nas evidências, ou civilizadas só na aparência -, naquilo que representam: as inimigas de um tipo de sociedade mais justa e decente.

1 comentário:

  1. Ora ora, a cada um o seu lixo. Sérgio Godinho não é melhor que Quim Barreiros.

    Sim, esse violoncelista é bom. Mas só isso.

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