sábado, 1 de junho de 2024

Adeusemos os números razoáveis, se não mesmo bons!

 

1. Números, os indiscutíveis números: aqueles que iam sendo razoáveis, se não mesmo bons, com o anterior governo e tenderão a ser uma miragem com os dislates do atual.

Ontem dois vieram fundamentar esse prognóstico, que não é difícil emitir sem precisarmos do joãopintista “fim do jogo”: segundo o INE o crescimento da economia portuguesa no primeiro trimestre foi de 0,8%, acima do que fora pré-anunciado, e resultando da melhoria significativa do saldo entre as exportações e as importações.

Em contraponto a inflação em maio ultrapassou a fasquia dos 3% esperando-se agora pelo retorno das reportagens televisivas de meses atrás, quando se culpava António Costa por algo que tinha manifesta origem interna.

Bem pode Montenegro fazer de cuco aproveitando-se de obra alheia, que a receita tem vida curta. E a falta de soluções eficazes para os maiores problemas atuais - incluindo a saúde e a habitação, que serviram de pretexto para maximizar os lucros da sua clientela patronal - depressa o confrontarão com um banho de realidade em que melhor se desmascarará a sua (má) valia,

2.  Na crónica de ontem no Público Carmo Afonso interrogou-se sobre as razões da quebra eleitoral do Bloco e do PCP, que se confirmou nas legislativas e regionais. E constata que, tendo feito do governo socialista o foco principal das suas críticas, as demais esquerdas esqueceram-se que o «mercado» da oposição já estava tomado pelas direitas apoiadas pela comunicação social.

A colunista não o diz, mas outra poderia ser a eficácia do discurso político à esquerda se não esquecessem quem deveria ser o seu inimigo principal: não quem, a seu ver, estaria a governar mal, mas quem viria a fazê-lo bem pior. Até porque pode agora concluir-se que o “quanto pior melhor” só o será para a extrema-direita.

Bloquistas e comunistas poderiam ter ganho se porfiassem em denunciar as direitas como quem não hesitava em aproveitar oportunisticamente as insatisfações de alguns interesses corporativos para vir a dececioná-los e aumentar os rendimentos a quem já os tem demasiados.

Sem comentários:

Enviar um comentário