sábado, 17 de junho de 2023

Quando MST quase acerta (mesmo raramente!)

 

Tal como Miguel Sousa Tavares aprendi a desconfiar do patriotismo, assente em empunhar a bandeira verde rubra e em cantar o hino como expressão mais primária. Que me lembre nunca agitei o estandarte, que alguns veem como identitário, e nunca entoei os versos que me mandariam avançar contra os canhões. Mais radical do que o colunista do «Expresso» sempre me identifiquei com Samuel Johnson, quando apontou o patriotismo como o refúgio derradeiro dos canalhas. Porque continua a ser o argumento, que fundamenta todas as guerras e fanatismos fascistas.

Marcelo aproveita os discursos do 10 de junho para revisitar esse refúgio, invariavelmente aplaudido pelos que alimentam as sondagens sobre a insatisfação com o país e a culpabilização dos que governam, embora estendam as responsabilidades a toda a classe política numa afinidade perigosa com a sua representação extremista mais perigosa.

Sendo injusto para com o melhor Presidente que tivemos - Jorge Sampaio - que nunca cedeu àquela que enuncia como tentação dos titulares do cargo durante o segundo mandato, Miguel Sousa Tavares critica a escolha de Marcelo pelo caminho mais fácil e nada profere de pedagógico para com aqueles que o ouvem. Particularmente contundente a constatação em como “é doentia e desagradável de ver a sua obsessão com a popularidade, oferecendo-se como Presidente Marcelfie a cada ajuntamento de mais de duas pessoas, mesmo quando à sua frente caminha o primeiro-ministro a ser insultado pelos mesmos populares: Ramalho Eanes ou Mário Soares não o teriam feito.”

Nesse sentido Marcelo tende a só ser menos mau que Cavaco, que concentrou em toda a sua perfídia, o que de pior tivemos como detentor da mais alta magistratura do país.

E, no entanto, nem seria difícil que convencesse os portugueses com a mais elementar das possíveis constatações: “que não valemos mais do que aquilo que valemos e que não pode ser sempre e só por culpa “deles” que, com tantas ajudas e tão poucas catástrofes comparados com tantos outros, vamos ficando sempre para trás.” 

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