sábado, 20 de fevereiro de 2016

União Europeia: this is the end...

A Cimeira Europeia desta semana confirmou o que conjeturamos há muito tempo: a União Europeia acabou. Quer a incapacidade para resolver minimamente a questão dos refugiados, quer as cedências ao Reino Unido, constituem o capítulo imediatamente anterior ao dobre-de-finados, que virá da crise financeira suscitada pela preferência dada aos bancos e aos especuladores financeiros em detrimento dos cidadãos e que estes se recusarão, mais cedo ou mais tarde, a acatar.
Olhando retrospetivamente para tudo quanto nos fez aqui chegar, não me sobram grandes dúvidas quanto à responsabilização de quantos, em 1989, acenaram para os povos do leste europeu com a rápida integração na Europa rica, que se autopropagandeava deste lado do muro de Berlim e os fez dinamitar os equilíbrios geopolíticos estabelecidos depois da Segunda Guerra Mundial. A impossibilidade em concretizar essas promessas frustrou as ilusões desses povos, que se tornaram presas fáceis de todo o tipo de populismos. Assim se explica a natureza atual dos regimes húngaro ou polaco, que poucas diferenças têm em relação ao mais abjeto fascismo. E são eles - não o esqueçamos! - os mais veementes opositores à distribuição justa e equitativa dos refugiados por todo o território europeu. A Europa a Quinze assumia valores, que estão a ser agora sucessivamente vilipendiados por uma Comissão dominada pela direita esvaziada das suas matrizes mais respeitáveis (a democracia-cristã, a liberal sem ser neo), que abriu a caixa de Pandora, e assiste paralisada ao despoletar dos seus piores efeitos apenas preocupada em inviabilizar as alternativas capazes de lhes darem solução. Durante uns quantos anos assumi-me como europeísta e cheguei a acreditar na transformação do Continente numa espécie de Estados Unidos da Europa com a riqueza mais ou menos equilibrada. Hoje constato a distância cada vez mais abissal, que se vai criando em relação a esse sonho. Conquanto não se soltem ainda mais monstruosidades do que as já agora percetíveis… porque, então, só poderemos temer o pior.

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