sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A preguiça como doença serôdia da direita pass(ad)ista

Para ser vitoriosa, e conseguir sucesso duradouro, um ator político tem de mostrar ideias próprias e exequíveis, capazes de mobilizar apoiantes para a sua concretização.
O que a direita vem revelando desde a sua derrota (sim, derrota!) de 4 de outubro, é uma preguiça mental já detetável anteriormente, mas agora particularmente comprometedora para a viabilidade de um projeto político vencedor. Tanto mais que inteligência e determinação não têm faltado à esquerda parlamentar.

O que tem caracterizado o PSD de Passos Coelho é uma perseverante preguiça mental, que o tem levado a não ter qualquer ideia própria para a governação do país.
Quando ganhou as eleições de 2011 optou por incluir no elenco ministerial o desconhecido Vítor Gaspar, que trazia consigo o cardápio das receitas austeritárias, compradas de bom grado pela direita, julgando assim aplicar uma estratégia ideológica capaz de a perenizar no poder.
Privatizando tudo, retirando capacidade reivindicativa a quem trabalhava, fazendo acelerar o cerco ao moribundo movimento sindical e controlando toda a comunicação social, não tinha de pensar o país e muito menos favorecer o seu desenvolvimento. Passos & Cª convenceram-se de só ser necessário manter os credores satisfeitos, que tudo o resto se comporia. Auferindo rendimentos do trabalho cada vez mais baixos, os portugueses sentiriam o emprego como um privilégio e nada oporiam a tornarem-se tão “competitivos” quanto os bengalis ou os vietnamitas.
Enviados os jovens para o estrangeiro poderia esperar-se, que as suas remessas de dinheiro para apoiar os progenitores desempregados ou com reformas de miséria, ajudassem a compor o défice financeiro.
Ao fim de quatro anos a nisso porfiar, Passos Coelho lamentou não ter conseguido reduzir os custos do trabalho!
Quando Gaspar constatou o falhanço da sua estratégia e arranjou emprego de luxo no FMI, Passos ficou sem o ideólogo, mas resolveu prosseguir na mesma via ao colocar Maria Luís em comunicação permanente com Schäuble, que dela fez sua marioneta em prol da continuidade dos interesses germânicos no nosso país e numa União Europeia onde sempre pode contar com o voto português quando necessário como sucedeu no esmagamento de Varoufakis para quem a incumbiu do papel de «polícia má».
A preguiça mental e funcional da direita foi sempre tão constante - a preocupação esteve sempre no desenvolvimento da propaganda mentirosa e deturpadora com que julgou possível a manutenção do poder - que Maria Luís nem sequer se deu ao trabalho de apresentar o draft do Orçamento de Estado a que estava obrigada e tornou Portugal no único país em incumprimento de uma das normas mais pertinentes do Tratado Orçamental.
Mas já antes, enquanto o PS apresentava aos eleitores uma sucessão de documentos aprofundados sobre o que propunha para o país - desde a Agenda para a Década até ao estudo macroeconómico dos 15 economistas - o efémero PàF limitou-se a ter como programa tudo quanto dissera ter feito até aí, muito embora entre a embelezada descrição dos resultados e a realidade dos indicadores a distância fosse abissal. Uma vez mais só a barragem desinformativa da comunicação social possibilitou que muitos milhares de eleitores, objetivamente prejudicados pelos quatro anos de (des)governação da direita, se deixassem iludir e nela voltassem a votar.
Falhado o propósito de conservar o pote, a direita entrou em perfeito desnorte por desconhecer como contrariar a determinação e inteligência revelada por este Governo que, uma a uma, vai derrubando as barreiras levantadas ao seu sucesso.
Sem superar a preguiça em pensar por sua própria cabeça, a direita tem apostado tudo em eleições antecipadas, que vê desesperadamente como cada vez mais improváveis. E, no seu desnorte, mostra-se incapaz de formular alternativas ao Orçamento, limitando-se a desaprovar na generalidade com o voto e a abster-se na especialidade. Mesmo que os próprios comentadores da sua área comecem a  demonstrar o incómodo em defenderem algo tão estrategicamente desaconselhável.
A Política pressupõe ter ideias inovadoras, que consistam em metodologias e argumentações distintas das de realidades conjunturais já ultrapassadas. Sem qualquer ideia mobilizadora para quem nela votava a direita está condenada a uma duradoura travessia no deserto se a competência e a sorte acompanharem o governo a desmentir todos quantos dizem impossível a execução orçamental em breve promulgada.
E, numa achega final, convenhamos que a forma como Marcelo Rebelo de Sousa se comportou para vencer a eleição presidencial denotou a mesma serôdia preguicite: enquanto Sampaio da Nóvoa apresentava uma Visão de Futuro para o país, o injusto vencedor limitou-se ao seu burlesco número de comediante televisivo. Com sucesso, mas como será no exercício do mais alto cargo da Nação só muito em breve o saberemos...

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