quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

E a montanha lá pariu o esperado rato

Estava bem de ver que a montanha iria parir um rato, mas até a Comissão Europeia render-se aos argumentos do governo português toda a direita e seus comentadores apalavrados iriam fazer todos os possíveis para criar obstáculos onde eles nunca se deveriam ter colocado.
Imperdoável o comportamento de Paulo Rangel no Parlamento Europeu, onde tudo fez para pressionar as instituições europeias a negarem aprovação ao draft para ali enviado por Mário Centeno.
E ouviram-se obviamente os representantes internos da tal Quinta Coluna austeritária, que já se deleitavam com a forte probabilidade de, a exemplo de Tsipras, António Costa perder a face e desonrar-se com a inevitável falha à palavra dada.
O que a direita política e a mediaticamente opinativa querem esquecer é o facto de Costa não ter mudado uma vírgula ao que andou a dizer meses a fio entre a vitória das Primárias do PS e a sua tomada de posse como primeiro-ministro: que os acordos políticos para a governação teriam de pôr definitivamente de lado o conceito tradicional do «arco da governação» e que seria possível conciliar os Tratados com o fim da austeridade se se adotasse uma leitura mais flexível daqueles documentos. Apenas os mais fanáticos continuarão a alimentar a esperança de uma divergência insanável entre os partidos da esquerda, porque, em cada sessão parlamentar, é o contrário que se confirma.
Obcecada por ser o bom aluno, que não enjeitaria ser mais papista do que o papa, a direita nunca quis negociar políticas menos gravosas para os portugueses, sujeitando-se a tudo quanto ditavam os burocratas de Bruxelas. Por ter disso consciência e temer o sucesso da «geringonça» entrou num desespero, que se viu ontem bem refletido no debate parlamentar, quando o mano da apresentadora do «Prós e Contras» e a execrável Cecília Meireles ficaram ofendidos com a acusação de João Galamba quanto à sua falta de patriotismo.
Os tempos adivinham-se cada vez mais difíceis para os lados da Lapa e do Largo do Caldas: o tão desejado pote vislumbra-se cada vez mais distante...

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