É eloquente a leitura do longo artigo do New York Review of Books sobre a cilada a Dominique Strauss-Kahn no hotel nova-iorquino da rede Accor. Ela demonstra bem a falta de escrúpulos da direita francesa, quando se trata de tudo fazer para que se possa manter no poder.
Até se poderá reconhecer o quanto a tendência libertina de DSK o pôs a jeito para o sucedido. As revelações subsequentes sobre os seus comportamentos são bastante comprometedoras. Mas a enumeração, minuto a minuto, dos gestos dos diversos intervenientes revela a impossibilidade prática de ter ocorrido qualquer violação.
A empregada de limpeza envolvida terá sido aliciada à denúncia de uma suposta violação sexual por um dos responsáveis pela segurança do edifício. Que, por seu lado tem ligações flagrantes ao círculo íntimo de Nicolas Sarkozy.
Agora, não deixa de ser singular quanto a polícia nova-iorquina tão facilmente se deixou iludir pelas evidências iniciais e agora, através da imprensa, se livra de todas as provas, que justificaram o arquivamento do caso. Mormente das imagens de vídeo em que dois dos principais responsáveis pelo Sofitel festejam durante três minutos o sucesso da sua trama.
Já não havendo possibilidade de redenção para DSK há contudo que reter a forma como os seus inimigos agiram, como forma de os punir severamente quer a nível político, quer judicial…
No primeiro caso esperemos que François Hollande retome a esperança de 1981, quando a chegada de Mitterrand ao Eliseu parecia representar o advento de uma nova época, mais justa e solidária.
No segundo caso importará identificar os autores de tal conspiração e condená-los severamente por constituírem uma ameaça à democracia numa das suas mais exigentes virtudes: a da transparência dos actos políticos e sociais...
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