segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A MONTANHA PARIU UM RATO

Nos últimos dias os jornais e as televisões alimentaram expectativas quanto ao Conselho de Ministros Extraordinário deste fim de semana, que iria produzir um conjunto de conclusões a respeito das políticas do Governo para os próximos meses.
Afinal a montanha pariu um rato: apesar de se reunirem durante horas a fio nada saiu de substancial quanto a tal iniciativa, justificando-se as perguntas quanto ao que terão estado a fazer ao longo de todo o dia: a jogarem às cartas? A verem filmes pela internet?
Confirma-se que esta equipa governamental é um enorme flop, um balão aparentemente cheio, mas afinal sem nada no seu interior. Como dizia um comentador de direita (Pedro Marques Lopes) não se pode atribuir a Pedro Passos Coelho e aos seus ministros um posicionamento político bem definido: claro que de esquerda estarão longe de o ser, mas para se reclamarem de direita deveriam ter visão política, que lhes escapa totalmente. Navega-se exclusivamente à vista sem qualquer ideia para onde nos levam os ventos e correntes...
Soma-se ainda a isto a reafirmação da solução preconizada por tal gente para os desempregados: que emigrem!
Desta feita foi Passos Coelho a respeito dos professores, o que levou toda a oposição e Mário Nogueira a insurgirem-se com a justificada veemência de quem vêem no primeiro-ministro um desistente, que nem sequer decidiu entrar na luta para que foi eleito pelos cidadãos portugueses: a de governar em defesa dos seus legítimos interesses.
Pelo contrário somam-se escândalos, que se fosse Sócrates a protagonizá-los não faltariam ruidosas campanhas, por ora apenas tratadas com recato: as nomeações partidárias para a CGD e para as administrações dos hospitais; a submissão total aos ditames de Angela Merkel, inclusivamente no processo de privatização em curso da quota do Estado na EDP, a alteração profunda de equilíbrios sociais sempre em favor de quem representa tão só os interesses minoritários de uma casta privilegiada (banqueiros, grandes empresários e seguradoras).
Que a semana tenha ainda sido marcada pelas afirmações de Pedro Nuno Santos a respeito do pagamento ou não da dívida soberana, que tanto escandalizou uns quantos timoratos defensores dos nossos credores internacionais, diz bem do estado a que chegámos: uma submissão total aos interesses estrangeiros em detrimento dos cidadãos nacionais cada vez mais ameaçados pelo desemprego, pelas escandalosas tentativas de prolongamento de horários de trabalho e de um aumento exponencial de bens de primeira necessidade (transportes públicos, taxas moderadoras, etc), que tenderão a empobrecê-los significativamente.

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