Já aqui o disse: não esqueço que José Manuel Pureza foi um dos deputados do Bloco de Esquerda, que fez cair o governo de José Sócrates e facilitou o regresso da direita ao poder, mediante a condenação do chamado PEC4. Mesmo que possa também reconhecer, que o então ocorrido só abreviou algo de inevitável face à evolução subsequente dos famosos mercados, encaro-o como exemplo de uma certa de forma de estar na esquerda em que vale o «quanto pior, melhor».
Mas as suas crónicas semanais no «Diário de Notícias» têm tido o condão de suscitar a minha concordância com muito do que aí diz. Como é exemplo o texto desta semana:
Os arautos da governação liberal europeia - os mesmíssimos que inflamaram discursos contra o “viés ideológico” das constituições nacionais consagradoras do Estado Social - não querem menos que constitucionalizar, em escala europeia e sem revisão pensável, o dogma ideológico do défice zero. E, dessa forma, querem constitucionalizar a austeridade das famílias como política económica da zona euro e a erradicação de qualquer vislumbre de modelo social europeu como princípio primeiro da constituição europeia.
Se acrescentarmos a esta realidade, o facto de Merkel e Sarkozy terem sérias hipóteses de virem a ser rejeitados pelos respectivos eleitorados em 2012, podemos conjecturar o plano de pretenderem impor um programa ideológico enquanto ainda lhes é possível, dando assim satisfação aos interesses de classe por si representados...
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