domingo, 2 de março de 2025

A queda de um (falso) anjinho

 

No Barry Lindon, Kubrick mostrou-nos um exemplo lapidar da má-sina, que costuma precipitar de bem alto os arrivistas, precisamente quando se julgavam inamovíveis  do seu altar.

Bem pode Montenegro vitimizar-se, que não consegue disfarçar o susto, que anda por certo a garantir-lhe noites mal dormidas: por muito que o amigo Amadeu Guerra mostre incomoda indisponibilidade para dizer se vai ou não investigar os estranhos negócios do primeiro-ministro. Como poderá justificar que a PGR não mostre o mesmo empenho que demonstrou contra Sócrates e Manuel Pinho a pretexto de estarem em causa dinheiros recebidos durante o exercício de funções públicas?

Por muito que não caia já - embora o retrato já vá estando esborratado! - Montenegro não se livra do desmascaramento da sua chico espertice.

Quer ele, quer os generosos financiadores sabiam da valia dos pagamentos em função da prometida ascensão ao poder para, daí, lhes servir de facilitadores dos negócios.

Querendo conciliar o exercício do poder com a oportunidade para aumentar significativamente o património pessoal, quase ninguém aceitará que sejam os filhos de Montenegro a alambazarem-se com aquilo que só devem ao progenitor. Qualquer licenciado em Direito, só por manha desconhece não ser possível descartar-se da titularidade de um negócio ao passa-lo para a cara metade com quem tem a comunhão de adquiridos, mantendo-se a mácula na passagem para os filhos. Até porque, para os patrocinadores interessados no retorno do investimento no pai, será esse quem lho garantirá e não os seus putativos fornecedores de serviços.

Estamos em contagem decrescente para a queda de um falso anjinho! 

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