Defeito de ser inveterado cinéfilo: há umas semanas aludia ao exemplo de Barry Lindon para prever a iminente caída em desgraça de Luis Montenegro.
As cenas patéticas do dia 11 na Assembleia da República, quando lhe vimos a expressão carregada pela súbita consciência da queda irremediável, bateu em expressividade a da personagem do filme de Kubrick, quando também se viu com o tapete tirado debaixo dos pés.
Foi nessa altura que lembrei o título de uma divertida comédia italiana da década de 70, assinada por Luigi Comencini. Mesmo não tendo direta comparação com os dissabores de Laura Antonelli nesse filme, Montenegro poderia fazer coro com ela na frase que dava título ao filme: Meu Deus como caí tão baixo!
Por muito que haja quem mostre complacência com o efémero primeiro-ministro, associando-lhe o comportamento na sessão a incompreensível garotada, foi evidente que, acolitado pela sua corte de exegetas, não conseguiu disfarçar a sua falta de escrúpulos. E, quando assim é, a queda prometida é mesmo até ao fundo...
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