terça-feira, 4 de março de 2025

No palco da ópera bufa

 


Melómano inveterado, olhei para a crise politica suscitada pelo golpe de Marcelo e Lucília Gago e pensei-nos fadados para uma espécie de ópera verista em que os protagonistas (a clique Montenegro) acabariam mal, mas com tempo suficiente para causarem danos significativos nas vítimas dos seus atos: os doentes do SNS, os alunos sem aulas e com propinas aumentadas nos cursos superiores, ou quem não ganha o suficiente para comprar, ou alugar, casa a distância aceitável do seu emprego. Pensionistas e reformados seriam outros alvos da provável privatização da Segurança Social.

Afinal ainda não passou um ano sobre a tomada de posse do governo e eis-nos esclarecidos: em vez  dos acordes melancólicos dos grandes dramas de Verdi ou Donizetti eis-nos confrontados com uma bem mais rocambolesca ópera bufa. Dos casos e casinhos do passado, transitámos para as casas e casinos que, mau grado, a pouca vontade do Ministério Público e da Ordem dos Advogados, tendem a conferir aos comportamentos de Montenegro a gravidade falaciosamente iludida, mas cada vez mais desmascarada.

Agora, a partir da cada vez mais animada plateia, preparamo-nos para as cenas que se seguem: por agora Pedro Nuno Santos, prudente e perspicaz, propicia o lume brando em que melhor estufado ficará quem quis ser mais esperto do que todos quantos com ele partilhavam o palco. Acumular rendimentos dos seus patrocinadores com o exercício do poder é escândalo que fede e não se limpa com sumária barrela!

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