É um clássico: quando as direitas estão em dificuldades - seja pela ganância incontida do por si indigitado diretor executivo do SNS, seja pelo caso do matarruano das malas -, procuram diversificar manobras de diversão à conta dos despedimentos das trabalhadoras do Bloco de Esquerda ou da hiperexplorada “viragem” do lider socialista a respeito da emigração.
Se o primeiro desses casos parece racionalmente lógico: como poderiam essas funcionárias aspirar a manter os empregos se a nova realidade política implicara a perda das receitas necessárias para lhes pagar, no da opinião de Pedro Nuno Santos sobre a emigração há uma mistificação quanto à sua convergência com a do PSD como Leitão Amaro se apressou a vir comentar.
De facto da posição de Montenegro sobre quem vem procurar futuro em Portugal só se sabe que devem ser menos e sem direitos sociais (mesmo pagando muito mais do que custam nesse balanço económico!).
Ao invés, Pedro Nuno Santos só vem acentuar uma evidência exigível por qualquer democrata: que se comportem de acordo com os valores da sociedade onde procuram integrar-se. Se lhes é devido o respeito pela componente compatível das crenças religiosas, não se aceita que pratiquem a excisão clitoridiana das meninas, quando chegadas à puberdade, ou imponham às mulheres uma repressão, que não deve ser sequer aceite nas geografias donde provém.
Não se trata da sua cor, etnia ou religião, e muito menos de se lhes negarem direitos, que são devidos a quem vive nos limites geográficos abrangidos pela nossa Constituição. Apenas que sejam protagonistas do cumprimento da Declaração Universal dos Direitos do Homem, sobretudo no que diz respeito às suas mulheres. Questão fundamental, que não consta dos propósitos xenófobos de Ventura ou dos do seu tácito aliado, que é Luís Montenegro. Porque, relativamente aos emigrantes eles defendem o mesmo: quanto mais clandestinos e sem direitos tiverem, mais explorados serão por patrões sem escrúpulos, que são os mais entusiastas com a perenização das direitas no poder.
Há, porém, uma dificuldade que se coloca ao atual governo: sendo cada vez mais evidente o fracasso das suas políticas - na saúde, na educação, na habitação, mas também na expetativa quanto a tornar-se exequível uma melhor qualidade de vida - maior se torna a diferença de credibilidade entre quem navega à vista, sempre à espera de ser bafejado com maior e imerecido êxito nas próximas eleições, e quem, pelo contrário, demonstra uma ideia clara para qual deverá ser o futuro do país, mediante uma estratégia de desenvolvimento, que vai consolidando dia-a-dia nas visitas em curso às empresas, que deverão liderar essa urgente transformação...
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