quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Uma miragem vislumbrada por vetusto canudo

 

Constatam alguns comentadores que Montenegro está tão enfatuado no cargo de primeiro-ministro, que nem sequer compreende as falhadas qualidades para o desempenhar, restando-lhe a manhosice de algumas habilidades colhidas ao ambiente de intriga, que alimentou enquanto líder parlamentar de Passos Coelho, e a arrogância de quem se julga capaz de empurrar o mundo à frente com a barriga.

Que se engana assim o tempo o demonstrará. Por muito que espere aguentar-se a tempo de iludir a mediocridade com os milhões do PRR herdados de António Costa, ajudarão a derrubá-lo os fracos colaboradores de que se socorreu para o governo, para o parlamento e para a Comissão Europeia. Porque é axioma irrefutável: um líder fraco ainda em mais fracos colaboradores se apoia.

No conjunto trata-se de gente tão incompetente, que de pouco valerão as mentiras e as manipulações: vide o apressado “acordo” com as associações ditas sindicais dos enfermeiros para evitar a greve de ontem e hoje, que ela aí está para demonstrar como os profissionais da saúde não se deixam enganar e seguem as orientações de quem, de facto, melhor lhes representa os interesses, escusando-se ao consolo de alguns pratinhos de lentilhas. 

Há, é claro, o socorro de Marcelo, que mostra a mais do que pérfida natureza aos incautos, que, mesmo dizendo-se socialistas (e até comunistas!), nele votaram há oito anos. O propósito de chegar a Belém foi só um: afastar as esquerdas do poder para nele eternizar os defensores dos interesses de que sempre foi fiel serventuário (e já era assim quando foi fura-greves na crise académica de 1962!).

O problema para Marcelo é que, mais inteligente do que quem o secunda, sabe-se rodeado de quem depressa poderá deitar a perder o sucesso da sua missão.

Nesta altura é só deixar que os que precisam da escola e da saúde públicas e de habitação digna se desiludam com quem tanto lhes prometeu e nada lhes dá de concreto. Ao mesmo tempo que, à conta de coisas esdrúxulas como o do abaixamento do IRS para jovens abonados e para o grande patronato, as contas certas venham a ficar mais distantes do que Braga por um canudo... 

1 comentário:

  1. O fura-greves não atuou em 1962 (nasceu em 1948). Foi em 1970, juntamente com o Braga de Macedo e outros (poucos). Eu estava lá e vi tudo!

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