Comportassem-se os ministros de António Costa com a desfaçatez de Nuno Melo, Rita Júdice, Margarida Blasco ou Ana Paula Martins, e não faltariam manchetes de jornais a anunciarem iminentes demissões. Marcelo tê-los-ia chamado a Belém e pressionado o primeiro-ministro para os substituir. Mas isso era num contexto de governo do Partido Socialista merecendo da imprensa afeta ao patronato um contínuo combate destinado a derrubá-lo.
A equipa de Montenegro acumula gaffes e demonstrações de desnorte, se não mesmo de evidente incompetência, mas o resultado é o contrário: beneficia de uma condescendência, que corresponde à das expetativas dos grandes grupos económicos em pouparem milhões nos impostos, ao mesmo tempo que já se afiambram a colher do Estado o que, na saúde ou na educação, resultar da degradação das suas instituições e assim favoreçam os seus cúpidos interesses.
Não está fácil a dinâmica das oposições de esquerda em contrariar um rumo, que as direitas souberam construir e potenciar. Como vencer a coligação de interesses dos vários patronatos e respetivos veículos de propaganda, quando têm em Belém quem ali se alcandorou para se lhes mostrar particularmente útil nesta altura?
Bem pode Montenegro demonstrar que o lado gelatinoso, em tempos associado a pretérita liderança laranja, se mantém consigo ao leme, abanando a cada momento por não ter competências para mais, mas aparentemente firme no poder. Até quando?
Esperemos que, inteligentemente, as esquerdas encontrem as vias certas para romperem uma barreira, que parece robusta. Até por não faltarem exemplos de como os diques se esboroam, quando as impetuosas vagas contra eles embatem, mormente as dos descontentamentos por falharem soluções para a saúde, a educação ou a habitação, que denotam contínua degradação.
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