Decidiram-no os votantes laranjas: Montenegro será o incontestado líder nos próximos tempos. Dois anos? Não sei se será assim, mesmo tendo em conta a votação ao melhor estilo norte-coreano: quantos desses 97% de apoiantes de hoje manterão esse atestado de confiança ao darem as coisas para o torto conforme o denunciam os sinais, que levam o tutor Marcelo a implorar para tal não vir a suceder?
Olhemos então para a realidade: diz o Expresso que, neste início do ano letivo, há mais 30% de alunos com professores em falta; o Público também anuncia que o número de cidadãos com médico de família atingiu em Agosto o seu valor mais baixo; e, além da presidente da Federação Nacional denunciar como ineficaz o tão propagandeado programa em favor dos doentes oncológicos, regressam as manchetes sobre os estudantes universitários a contas com a falta de alojamento decente nas grandes cidades e compatíveis com as finanças dos pais.
Some-se a isto a escusa ilegal do governo entregar ao PS (que os exigiu), e aos demais partidos, os dados sobre a margem orçamental para o ano que vem para compreender os palpos de aranha em que o ministro das Finanças se vê para manter a lógica das “contas certas”, que já leva Montenegro a prever um aumento da receita dos impostos de 20% nos próximos quatro anos o que justifica irónico sorriso sobre as suas palavras de ainda há pouco tempo, quando, falciosamente, culpava António Costa por ter conseguido objetivo semelhante à custa do seu “brutal aumento”.
Convenhamos que Montenegro anda a provar do seu próprio veneno. E o pior para ele é compreender, nomeadamente através da sondagem da Intercampus, que a intenção de ir rapidamente para eleições pode não ser ideia asizada. A menos que, a exemplo de Macron em França, se queira entregar definitivamente nos braços da extrema-direita.
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