Eis-nos num fim-de-semana adequado a perdermos algum tempo em que descansemos das coisas sérias e, mastigando umas pipocas e bebendo uma coca-cola (uma francesa que conhecemos costumava usá-la para desentupir canos!), assistamos brevemente a uma daquelas comédias em que uns quantos bufões competem pela capacidade em ostentarem as mais grotescas facécias.
No principal partido da oposição par(a)lamentar agitam-se dois antigos compinchas, que tudo une nas ideias - os costumados cortes nos rendimentos de quase todos e as poupanças nos impostos para os prendados com as antigas e as potenciais novas privatizações! - mas separam-nos o estilo, mais contido e austero um, mais agitado, senão mesmo amaneirado, o outro.
Em Viseu o bruxo mau do nosso cantinho ocidental olhar-se-á uma vez mais ao espelho e perguntará: existe alguém mais poltrão do que eu? Pelo menos oitenta dos quinhentos convivas acham que sim e, acusando-o de já bem conhecidas vilanias, intentam cortar-lhe as débeis asas. Razão para que o candidato a Ícaro os apode de ratos e lhes enderece uns quantos tanglomanglos viperinos.
E há esse inenarrável Chicão, que propõe quinze compromissos aos eleitores, mas vai ficando, dia-a-dia, de pio cada vez mais reduzido ao vê-los distanciarem-se dando-lhe a sentir-se tíbia voz, que clama do seu deserto de ideias, apenas polvilhado pelos muitos preconceitos.
Toda essa gente de nenhumas virtudes e imensíssimos pecados conseguiu encontrar-se conjunturalmente no sempre moribundo governo regional açoriano. Ou na titubeante gestão municipal lisboeta onde um tardio nerd julgou-se druida capaz de inventar poção mágica afinal revelada em ruim placebo.
Comédia, que não chega a ser trágica, assemelha-se àquelas fitas sem graça em que os protagonistas tudo fazem para se fazerem de engraçados. As direitas continuarão a suspirar pelo denso nevoeiro donde possa emergir um Sebastião, que a venha tirar da irrelevância.
Comidas as pipocas e bebida a água suja do imperialismo poderemos sair do breve descanso onde quase nos teremos estado tentados a adormecer e levantar-nos-emos para cuidar do que realmente é importante: garantir a governação à esquerda mais ou menos alargada e abrangente, mas sobretudo reforçada, de que o país precisa.
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