quarta-feira, 7 de abril de 2021

(VS) Na morte de Jorge Coelho

 

Estava a carpir-me ao telefone da enorme angústia causada pela hospitalização da Elza, desde domingo afastada conscientemente de quem ama (embora o problema se viesse a acentuar nas semanas mais recentes), quando do outro lado vem a notícia surpreendente: eu ainda posso ter a esperança de a reaver, de tudo voltar a ser como dantes, tão-só se identifique a causa do que a vem afetando e se a corrija. Para Jorge Coelho essa possibilidade ficou cerceada tão inesperada, quanto tragicamente.

Aos que, estranhando-me o silêncio e a ausência de onde me costumam encontrar, ouviram pretéritas hipóteses, podem dá-las como infundamentadas, porque nenhuma conclusão efetivamente se apurou! Embora esta situação  sanitária de não ser autorizado a entrar no hospital para a ver, nem muito menos ali a ficar a acompanhar, corresponda a insuportável tortura.

Pelo contrário para Jorge Coelho não há volta a dar: as circunstâncias em que desapareceu demonstram como é tão frágil a vida, por se revelar ténue a fronteira entre o estarmos cá e o deixarmos de estar, como muito bem o definia Saramago.

Para a memória do camarada hoje desaparecido fica a admiração pela forma combativa como via a ação política, estimulando-nos a vontade em participar nas lutas de cada instante, quando, nos comícios, a sua voz forte nos incrementava tal força.

Estes andam a ser, de facto, dias de enorme tristeza... 

Sem comentários:

Enviar um comentário