Tem razão André Lamas Leite, quando diz já não haver paciência para ouvir discursos sobre o faltar cumprir Abril. De facto basta ponderar nas várias tendências de quem fez a Revolução dos Cravos para saber como lá cabia tudo e o seu contrário. Apenas não se queria o que ficara para trás, tão insatisfatória era a qualidade de vida, tão falho de esperança o futuro dos que não arriscavam a deserção, a opção pelas estranjas.
Contraditória, a Revolução permitiu que se sonhassem formas muito diversas de utopias enquanto os habituais donos disto tudo deixavam a poeira assentar para voltarem a impor um tipo de país feito de explorados e exploradores, de ricos e de pobres, de gente que manda e outra que obedece.
Podemos sempre alegar que o nosso 25 de Abril não se cumpriu e com isso muitos partilham a ideia de se ter podido construir um país mais justo e igualitário onde a solidariedade fosse imperiosa de cumprir. Mas a luta de classes é tramada; as circunstâncias históricas e materiais para que uma sociedade progrida são bastas vezes aleatórias. E poucos tiveram a sensatez de pensar na altura, que um tal senhor Vladimir nos lembrava que, dando-se dois passos por diante, lá nos vemos obrigados a aguentar com outro que nos forçam a dar à retaguarda.
Como diria o atual secretário-geral das Nações : é a Vida! Por muito que teimemos em dar tratos à cabeça para descobrir como poderemos voltar a dar dois novos pulos para a frente!
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